Se em 2022 o turismo de pesca na região da Grande Dourados ainda "engatinhava", hoje ele deu passos firmes e se tornou um dos destinos mais cobiçados por pescadores esportivos de todo o país. O cenário? A mesma paisagem exuberante, longe do Pantanal, escondida na divisa de Dourados, Rio Brilhante e Deodápolis: a Barra Dourada.
Este recanto, ponto de encontro dos rios Dourado e Brilhante, continua sendo um santuário aquático. O que era uma promessa, hoje é uma realidade comprovada por centenas de registros. A fartura de pintados e jaús gigantes, além de dourados, pacus e a rainha do local, a piracanjuba, se manteve e, pelos relatos, até aumentou – um testemunho do poder da preservação.
Para vivenciar esse cenário, o acesso continua sendo uma aventura pela água. O turista deve percorrer de barco o Rio Dourado, a partir da ponte da MS-274 no distrito de Porto Vilma (Deodápolis), ou subir o Rio Brilhante a partir da ponte da MS-145, nas proximidades da Usina Eldorado. A jornada fluvial é parte integral da experiência, revelando uma natureza intocada que contrasta com o agronegócio vigoroso da região.
Fama que Cresce e Conscientização que Acompanha
A reportagem do Insta MS mostrou, há três anos, que a dificuldade de acesso era uma proteção natural. Hoje, com a notoriedade, as margens veem surgir mais ranchos e pesqueiros. O desafio, como apontado anteriormente, se intensificou: a missão de conscientizar, fiscalizar e zelar pela fauna e flora é mais urgente do que nunca. O fantasma do grande incêndio que devastou árvores centenárias serve como um alerta constante sobre a fragilidade do paraíso.
A piracanjuba, peixe protegido por lei e que "chama a atenção pela beleza e abundância", tornou-se o símbolo do equilíbrio necessário. Sua presença massiva prova que a pesca esportiva, praticada com ética (pesque e solte), é o caminho para a perpetuação das espécies.
Os Gigantes da Barra: de Feito Único a Rotina Vitoriosa
Em 2021, a fisgada do agricultor Rony Dronov – um pintado de 1,73m e mais de 60 kg – colocou a Barra Dourada no mapa nacional, com direito a reportagem na Rede Globo. Hoje, Rony e outros pescadores, como o empresário Cristiano da Cruz, colecionam histórias de grandes peixes. O que era um feito espetacular isolado tornou-se quase rotina para os frequentadores assíduos, solidificando a reputação do local como um "viveiro" de gigantes.
A Pesca Esportiva como Motor Econômico e de Conservação
A matéria de 2022 já citava o exemplo argentino da Bacia do Prata, onde a proibição da pesca predatória permitiu o surgimento de peixes imensos, atraindo turistas do mundo todo. Esse modelo agora é visto como um espelho para a Barra Dourada. A fiscalização ambiental mais rígida em Mato Grosso do Sul, principalmente a proibição da pesca do dourado, já mostra resultados animadores.
Os números globais citados pelo Banco Mundial – mais de 700 milhões de pessoas e US$ 200 bilhões movimentados anualmente – deixam claro: a pesca esportiva não é um hobby, é uma poderosa indústria verde. A consolidação da Barra Dourada como destino premium é uma oportunidade única para os gestores públicos da região gerarem emprego e renda de forma sustentável, garantindo que as futuras gerações também possam admirar os gigantes que nadam nas águas douradas de Dourados.