O aumento dos feminicídios precisa ser motivação de espanto e revolta, a normalização do horror pode banalizar todo o avanço cívico de que tanto precisamos.
O primeiro mês de janeiro de 2022 já carrega um triste peso para nós mulheres de Mato Grosso do Sul, segundo dados da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública a quantidade de crimes praticados contra mulheres já é o dobro se compararmos com os números de 2021. E quantas mais vão ter que morrer até que a sociedade se sensibilize o suficiente? A normalização do horror, a ausência de espanto com crimes bárbaros que resultam em morte, que se desdobram em cenas de absurdo horror.
Cárcere privado seguido de homicídio, corpo atirado em fossa, estupro seguido de homicido, espancamento até a morte, parlamentares violentos e assim se desdobram os inumeros casos de violência perpetrada às mulheres de mato grosso do sul. O que vamos fazer para afastar tanto absurdo de uma visão de normalidade? O que vamos fazer para esse jogo virar?
Definitivamente o engajamento feminino somado à tomada de consciência de homens de todas as idades é indispensável para que possamos enfrentar toda essa violência de maneira enérgica, pois não podemos é cair no erro de normalizar os feminicídios. As políticas públicas de prevenção, por mais capilarizada que estejam, não são suficientes. O elemento da participação social em forma de levante em defesa da vida das mulheres e meninas é urgente.
* Mariana Gomes Rocha, Gestora de Políticas Públicas para Mulheres da Cidade de Dourados - MS