O tenente-coronel Wellington de Lima, de 46 anos, bombeiro militar em Mato Grosso do Sul, tornou-se um herói anônimo ao doar medula óssea para um paciente de Juiz de Fora (MG) no último dia 24 de março. Cadastrado há mais de 20 anos no Redome (Registro Nacional de Doadores Voluntários de Medula Óssea), Wellington finalmente encontrou um receptor compatível - uma situação rara, com chances de apenas 1% entre não parentes.
Segundo o Campo Grande, Tudo começou com uma ligação inesperada em 23 de dezembro de 2024, quando o Redome informou sobre a possível compatibilidade. Após novos exames em janeiro e confirmação em fevereiro, o militar viajou para Juiz de Fora em março para o procedimento, que durou cerca de cinco horas. "Foi como uma hemodiálise. Retiraram apenas as células-tronco e devolveram o resto", explica Wellington, emocionado ao pensar na família do receptor, sobre quem não sabe nenhum detalhe.
A chefe de captação de doadores do Hemosul, Lucélia Fernandes, de 53 anos, destaca a importância do gesto. "A medula produz nosso sangue. Quando um paciente não responde a tratamentos, o transplante é a única esperança". Atualmente, 650 pacientes no Brasil aguardam por um doador não aparentado, enquanto o cadastro nacional ultrapassa 5,7 milhões de voluntários.
O caso de Wellington chama atenção pela persistência. Ele se cadastrou em 2004, durante uma doação de sangue, e manteve seus dados atualizados ao longo de duas décadas - um fator crucial, já que muitos potenciais doadores se tornam inalcançáveis com o tempo. Dois anos após a doação, receptor e doador podem se conhecer, como já ocorreu com duas sul-mato-grossenses que salvaram vidas na Turquia e Argentina.
Para se cadastrar, é preciso ter entre 18 e 35 anos, comparecer a um hemocentro e doar 5ml de sangue para o exame de compatibilidade genética. A doação pode ser feita por punção no osso da bacia (com anestesia) ou por filtração do sangue após medicação específica. "Você pode ser o 1 em 1 milhão que faltava para salvar uma vida", reforça Lucélia, lembrando que o sistema é internacional e pode beneficiar pacientes em qualquer parte do mundo.
A história de Wellington serve de inspiração e alerta: a esperança de muitos pacientes depende da generosidade e persistência de voluntários que, como ele, acreditam no poder de um gesto simples para transformar destinos. Enquanto se recuperava das 15 horas pós-procedimento, o bombeiro resumiu o sentimento: "É felicidade saber que posso dar esperança a uma família".