Fenômeno dentro das pistas, exemplo fora delas. Depois de faturar a medalha de prata no skate street feminino nas Olimpíadas de Tóquio e encantar o Brasil, Rayssa Leal foi a mais votada pela premiação internacional Visa Award, que reconhece atletas que melhor representaram o espírito olímpico, a fim de ajudar instituições sociais. Com o resultado, a skatista brasileira, de apenas 13 anos, destinará 50 mil dólares, o equivalente a R$ 250 mil, para a ONG Social Skate, de Poá, na Grande São Paulo. A informação foi confirmada nesta terça-feira pelo Comitê Olímpico Internacional (COI) e o Comitê Paraolímpico Internacional (IPC).
Na votação, concluída ainda em agosto, Rayssa desbancou ninguém menos que Simone Biles, maior estrela da ginástica. Ela foi a única representante olímpica entre as duas mais votadas. Além dela, Holly Robinson, da Nova Zelândia, que foi ouro no lançamento de dardo F46 nas Paralimpíadas, também recebeu o prêmio, que será destinado para uma instituição de seu país com foco na melhoria da saúde e bem-estar de crianças e suas famílias.
Para Rayssa, que após os Jogos de Tóquio ainda foi campeã da etapa da Liga Mundial de Skate em Salt Lake City, nos Estados Unidos, a honraria coroa uma mudança que se tornou ainda mais predominante após a estreia da modalidade nas Olimpíadas.
" Fiquei muito surpresa e muito feliz em ganhar o prêmio. Esse momento faz parte dos valores do skate. Sempre somos assim, estamos sempre felizes, torcendo para que todos façam suas manobras, e quando o fazem, todos comemoramos. Pra mim o skate é uma família. Estou vendo muitas meninas começando no esporte, dizendo que querem tentar ir às Olimpíadas como a gente. Estou super feliz com isso, porque o skate costumava ser marginalizado. Você não costumava ver muitas garotas no esporte. Pudemos mudar a maneira como as pessoas olhavam para o skate. Isso é muito gratificante. Isso é muito importante. Muita coisa mudou e isso nos deixa muito felizes", disse.
Presidente do COI, Thomas Bach parabenizou a brasileira e enalteceu o envolvimento e a contribuição da torcida, ainda que distante fisicamente em razão da pandemia, durante as Olimpíadas.
" Esta é uma iniciativa realmente inspiradora, o que foi ainda mais importante porque, infelizmente, os Jogos Olímpicos de Tóquio 2020 tiveram que acontecer sem nenhum espectador. Os fãs de todo o mundo ansiavam por esse momento. Queriam fazer parte da ação e torcer por seus atletas. É por isso que o prêmio foi absolutamente um destaque em todos esses esforços, porque reuniu o que poderiam ser os três elementos mais importantes: primeiro os atletas, segundo os fãs ao redor do mundo e, em terceiro lugar, os valores. E porque esses momentos memoráveis são sobre os valores, sobre as mensagens veiculadas por esses Jogos Olímpicos e pelos atletas".
Além do reconhecimento fora das pistas, a atleta brasileira segue buscando a evolução diária no circuito. Recentemente, ela publicou um vídeo em que mostrava uma nova manobra que vem praticando nos treinos. Na legenda, a Fadinha escreveu em inglês "The new one", ou "a nova", na tradução para o português.
Localizada em Poá, na Grande São Paulo, a ONG Social Skate, escolhida por Rayssa, atende cerca de 150 crianças e adolescentes. A instituição foi criada em 2011 com o objetivo de contribuir para a vida de jovens em situação de vulnerabilidade socioeconômica no Brasil, incluindo atividades relacionadas ao esporte, educação, cultura e lazer de forma interdisciplinar.