Em um país de dimensões continentais e de clima tropical, como o Brasil, que produz até três safras por ano, o controle de plantas daninhas na agricultura é um desafio permanente. O mesmo clima favorável para o desenvolvimento da agricultura brasileira ajuda também na proliferação das plantas daninhas na lavoura.
O professor de Agronomia da Universidade Federal de Viçosa Kassio Mendes diz que com o sol e com metabolismo, as gramíneas crescem numa velocidade muito grande, o que torna difícil seu manejo correto.
“Nós temos o capim-amargoso, buva, capim-pé-de-galinha, picão-preto, as trapoerabas, nós temos várias ervas daninhas que são difíceis de serem manejadas aqui no Brasil, principalmente pelo mecanismo de resistência que elas têm, pelo surgimento de biótipos resistentes. Ou seja, não são mais manejadas por herbicidas e produtos químicos e pela agressividade no processo evolutivo“, afirma Mendes
O professor ainda diz que a buva acaba sendo a erva daninha mais complicada de se fazer o manejo, principalmente por resistir a muitos herbicidas.
“Uma buva chega chega a produzir 200 a 300 mil sementes por indivíduo. isso germinando de uma forma escalonada. pouco a pouco. Então faz com que qualquer solo que a gente tenha, tem semente ali de plantas daninhas e estão germinando. A planta daninha mais difícil da gente estar manejando, mas nós temos hoje a buva que parece inofensiva mas ela é bastante difícil de ser manejada por ela ser já resistente a cinco tipos de herbicidas. Isso dificulta muito para gente manejar essa planta daninha.”
As plantas daninhas crescem no mesmo espaço das culturas plantadas e portanto competem por tudo que estiver ao redor delas. O professor diz que a erva compete por espaço, CO2, por nutriente, por água e luz, fazendo com que elas precisam ser manejadas. Além disso, essa competição pode levar a 80%, 90% ou até 100% em perda de produtividade. Ao mesmo tempo, essa competição pode afetar também sementes, atrapalhando a colheita, como ocorre com a promeia e merremia, as chamadas cordas-de-viola,. Elas são assim chamadas pois agarram-se às plantas de café e de cana-de-açúcar.
O manejo pode ser dividido em três etapas: o controle físico, o mecânico e o biológico.
Segundo Mendes, a primeira coisa que se deve prestar atenção no manejo das plantas é a prevenção, sendo este o controle biológico. “Se a gente impede a entrada de plantas daninhas dentro da área, é fantástico. Se a gente tem contenções, quebra-ventos, isso dificulta as entradas delas. As medidas preventivas são: limpezas de maquinários, canais de irrigação, tudo isso”.
Porém, o jeito mais utilizado de acordo com o professor por conta da praticidade, da economia em grandes áreas, é o uso dos herbicidas, a parte química.
“Um dos manejos mais indicados e eficiente é a cobertura com palhada. No plantio direto, quando a gente tem uma palhada, por exemplo, é necessário dessecar com herbicida, usar um produto químico para assim ter uma cobertura. A aplicação de herbicidas é a maneira mais eficiente, econômica e rápida de combater as plantas daninhas. Contudo, precisa ser feita com equipamentos de proteção individual e utilizando a dose correta para não impactar o meio ambiente e não aumentar a resistência das invasoras“, diz o professor.
Finalmente há o controle físico, sendo este um controle cultural. “A partir do momento que eu tenho essa cobertura morta, a gente vai evitar a penetração de luz, isso é importantíssimo para daninhas que precisam da luz para germinar.”
Para finalizar sobre o manejo de plantas daninhas o professor complementa que caso o manejo tenha dado certo nesta safra , na próxima o método tem que ser diferente. Isso se deve ao fato de as espécies se adaptarem as formas de manejo utilizadas.