Quatro em cada dez reajustes salariais ficaram abaixo da inflação calculada pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) de janeiro a abril deste ano, segundo levantamento divulgado pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).
A proporção dos reajustes que ficaram iguais à inflação ficou em 31,6%. Já os resultados acima do índice inflacionário equivalem a 27,6%.
De janeiro a abril, reajustes iguais e acima da inflação foram mais frequentes no comércio, presentes em cerca 67% das negociações analisadas. Em seguida, aparecem as negociações realizadas pelas categorias da indústria – em 64% dos casos, houve reposição da inflação anual.
Já os aumentos reais (acima da inflação) foram mais regulares na indústria (29,4% dos casos) do que no comércio (17,1%). O setor de serviços chama atenção pela maior proporção de reajustes tanto abaixo (45,1%) quanto acima (29,8%) do INPC.
Por regiões
Nos quatro primeiros meses de 2022, a região Sul foi a que apresentou o maior percentual de reajustes iguais e acima da inflação – cerca de 77% dos casos analisados – somente 23,4% das negociações conseguiram reajuste abaixo da inflação.
Já o Sudeste teve o maior percentual de ganhos acima da inflação (38,7%) e o segundo menor percentual de reajustes abaixo do INPC (38,3%).
Os piores resultados foram encontrados no Centro-Oeste, onde 63,7% dos reajustes ficaram abaixo do INPC-IBGE, 21% acompanharam exatamente a variação do índice inflacionário e apenas 15,3% ficaram acima dele.
No Norte, 50,7% dos reajustes ficaram abaixo da inflação, e no Nordeste, o percentual foi de 47,5% – a região teve o segundo menor percentual de aumento acima da inflação entre as demais: 19,2%.
Pisos salariais
O valor médio dos pisos salariais até abril é de R$ 1.414,77. O maior valor médio pertence ao comércio (R$ 1.481,54), e o menor, à indústria (R$ 1.380,19). Já o de serviços ficou em R$ 1.418.
Por regiões, o Sul tem o maior piso salarial médio (R$ 1.536,67), e o Nordeste tem o menor (R$ 1.330,10). O do Sudeste ficou em R$ 1.420; o do Norte em R$ 1.368,09; e o do Centro-Oeste, em R$ 1.362,89.
Reajustes em abril
A maioria das categorias com data-base em abril conseguiu reajustes iguais ou acima da inflação. Mas, de acordo com levantamento do Dieese, das 163 negociações coletivas analisadas, apenas 8% alcançaram resultados acima do INPC e 46% obtiveram reajustes iguais ao índice, o que totaliza 54% das negociações.
Segundo o Dieese, os dados praticamente repetem os da data-base de março, quando 53,7% das negociações conseguiram reajustes iguais ou superiores ao INPC.
O mês de abril apresenta a menor proporção de reajustes com ganhos reais (acima da inflação) em 2022 e a segunda menor proporção nas últimas 15 datas-bases analisadas, acima apenas de novembro de 2021.
Variação negativa
Em abril, a variação real (descontando a inflação) média dos reajustes foi de -0,76%, resultado pior que o das negociações com data-base em março e ligeiramente melhor do que o daquelas com data-base em fevereiro.
Em todas as últimas 15 datas-bases pesquisadas, a variação real dos reajustes foi negativa, especialmente em julho de 2021 (-1,94%).
“As médias negativas refletem o peso dos resultados abaixo do INPC-IBGE, que superam em grandeza os ganhos dos reajustes acima do índice inflacionário. Os reajustes abaixo do INPC-IBGE de abril foram, em média, equivalentes a apenas 83% do valor necessário para a recomposição plena dos salários”, informa o Dieese.
Reajuste necessário
Em função de o INPC ter ficado em 1,04% em abril, o reajuste necessário para as negociações com data-base em maio ficou em 12,47%, segundo o Dieese – é o maior valor desde que começou o boletim, em fevereiro de 2021.
O percentual passou dos 10% a partir de setembro de 2021. A título de comparação, em fevereiro de 2021, o percentual era de 5,53%.