No Dia do Trabalhador (1º de maio), os indígenas de Mato Grosso do Sul enfrentam uma realidade marcada pela contribuição econômica e pela violação de direitos. Dados do Ministério Público do Trabalho (MPT) apontam que pelo menos 30% dos indígenas em MS exercem atividades laborais informais, muitas vezes sem carteira assinada, em setores como agricultura (especialmente em usinas de cana-de-açúcar e fazendas), construção civil e serviços domésticos. Segundo o IBGE, o estado possui a segunda maior população indígena do Brasil (94 mil pessoas), mas registra taxas de desemprego e subemprego 60% superiores à média nacional entre esses povos. A falta de acesso a direitos trabalhistas básicos, como férias e previdência social, agrava a vulnerabilidade social.
A exploração é ainda mais crítica nas lavouras de cana e soja, onde relatórios da Comissão Pastoral da Terra (CPT) denunciam jornadas de até 12 horas, alojamentos precários e acidentes frequentes. Um estudo da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) revelou que 72% dos indígenas trabalhadores rurais em MS já sofreram intoxicação por agrotóxicos, expostos sem proteção adequada. Paralelamente, o artesanato indígena – importante fonte de renda para mulheres das etnias Terena e Kadiwéu – sofre com a desvalorização comercial: segundo a Funai, apenas 15% do valor final de peças artesanais chega às mãos das artesãs, engrossando estatísticas de desigualdade.
Neste 1º de Maio, a luta por políticas públicas específicas ganha urgência. Projetos como o "Mão de Obra Indígena Protegida", do MPT, buscam fiscalizar contratos e coibir trabalho análogo à escravidão, registrado em 11 operações no estado desde 2019. Enquanto isso, lideranças cobram cotas trabalhistas em órgãos públicos e capacitação profissional com respeito à cultura tradicional. A resistência indígena, que movimenta R$ 50 milhões/ano na economia sul-mato-grossense (dados da Secretaria Estadual de Economia), exige não só reconhecimento, mas ações concretas para transformar o Dia do Trabalhador em uma data de justiça.