A formalização da federação entre PP e União Brasil, batizada de União Progressista (UP), e a fusão entre PSDB e Podemos marcam um realinhamento estratégico no tabuleiro político nacional – com reflexos imediatos em Mato Grosso do Sul. O movimento, que tem como pano de fundo a construção de uma alternativa de centro-direita para 2026, coloca em xeque alianças tradicionais e reposiciona atores-chave no estado.
Tereza Cristina: o eixo do poder sul-mato-grossenseÀ frente da UP no estado, a senadora Tereza Cristina (PP) emerge como figura central neste novo arranjo. Seu posicionamento – seja mantendo a política de conciliação com o PSDB do governador Eduardo Riedel, seja lançando-se na disputa pelo Executivo estadual – será determinante para o desenho das alianças em 2026. Embora afirme não pretender concorrer no próximo pleito (seu mandato no Senado vai até 2030), o meio político trata suas declarações com a cautela de quem conhece a volatilidade das decisões em ano eleitoral.
O tabuleiro do Senado: rupturas e novas apostasO deputado federal Luiz Ovando (PP), aliado próximo de Tereza Cristina, já anunciou sua pré-candidatura a uma das vagas no Senado, sinalizando uma possível ruptura com o PSDB. "O bastão da liderança trocou de mãos", declarou Ovando, em referência ao novo equilíbrio de forças pós-reeleição da prefeita Adriane Lopes (PP) em Campo Grande. O cenário se complica com outros nomes em disputa: Edinei Marcelo Miglioli (secretário de Infraestrutura da capital) e Gerson Claro (presidente da Assembleia Legislativa).
PSDB entre a fusão e a incógnita sucessóriaNo campo tucano, o ex-governador Reinaldo Azambuja surge como nome mais forte ao Senado, mas a decisão depende da articulação com o Podemos – partido da senadora Soraya Thronicke, também cotada. O deputado Geraldo Resende, que chegou a ponderar migrar para o PSB, reconhece a primazia de Azambuja: "Não podemos lançar dois candidatos. Ele tem maior peso político". A fusão com o Podemos, ironizada por Ovando como "medida de reanimação cardiovascular" para um PSDB enfraquecido, busca recuperar espaço diante da ascensão da UP.
PT na retomada e o xadrez das aliançasEnquanto isso, o PT tenta se reposicionar: o deputado Vander Loubet articula a reorganização partidária nos 79 municípios e negocia a filiação de nomes como o ex-deputado Fábio Trad. A estratégia petista mira uma das vagas no Senado, num movimento que pode fragmentar ainda mais o cenário.
União Progressista: um transatlântico em águas turbulentasCom 109 deputados federais, 14 senadores e seis governadores, a UP nasce como força majoritária no Congresso, mas sua coesão em MS será testada. Apesar do discurso unitário de Tereza Cristina – que comparou a federação a um "projeto comum de desenvolvimento" –, ressentimentos de 2022, quando desentendimentos com o PL geraram rachas, permanecem latentes. Enquanto o plano nacional mira a Presidência com nomes como Ronaldo Caiado e Tarcísio de Freitas, no estado a disputa por espaço entre PP e União Brasil pode reacender antigas rivalidades.
Este novo ciclo político, marcado por fusões pragmáticas e lealdades em revisão, promete um dos processos eleitorais mais complexos da história recente de Mato Grosso do Sul. Os próximos meses dirão se as alianças sobreviverão à pressão das ambições individuais – ou se, como alertou Ovando, "o cenário de 2026 está indefinido".