Uma grande operação coordenada pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) foi deflagrada na manhã desta terça-feira (9) no município de Terenos, a 31 quilômetros de Campo Grande. De acordo com informações apuradas pelo Campo Grande News, a ação, que também teve desdobramentos na capital, cumpre 10 mandados de prisão preventiva e 30 mandados de busca e apreensão.
O alvo de maior destaque dos mandados é o prefeito da cidade, Eduardo Henrique Wancura Budke (PSDB). As equipes policiais realizaram buscas minuciosas na sede da Prefeitura de Terenos, em residências de empresários locais e em um estabelecimento comercial. Em Campo Grande, um mandado foi cumprido em uma residência no bairro Santo Antônio.
A operação desta terça-feira é um novo capítulo e um aprofundamento das investigações da Operação Velatus, conduzida pelo Gaeco e pelo Gecoc (Grupo Especial de Combate à Corrupção) em agosto de 2024. Na ocasião, foi descoberto um sofisticado esquema que fraudava licitações de grande valor para desviar recursos públicos.
Conforme revelado pela investigação, o modus operandi envolvia o uso de empresas de fachada – algumas sem sede física, funcionários ou mesmo ligação de energia elétrica – que se cadastravam como fornecedores do município. As investigações, que incluíam a análise de mensagens trocadas entre os investigados, apontavam para uma divisão prévia dos contratos e o pagamento de propina a agentes públicos.
Um dos personagens centrais do esquema, o ex-secretário municipal de Obras Isaac Cardoso Bisneto, foi preso preventivamente na operação do ano passado. As apurações indicavam transferências suspeitas de dinheiro para seu pai, interpretadas como indícios de repasses ilícitos.
Em nota à imprensa, a assessoria da Prefeitura de Terenos confirmou a ação das autoridades no prédio público e afirmou que o Executivo municipal não foi comunicado oficialmente sobre os motivos específicos da operação. A administração declarou que "está colaborando com as autoridades, fornecendo todas as informações e documentos que se fizerem necessários para o esclarecimento dos fatos".
O caso já havia gerado intervenção do Ministério Público de Contas (MPC-MS), que em maio de 2025 conseguiu no Tribunal de Contas do Estado (TCE-MS) a suspensão de todos os contratos da Prefeitura de Terenos que apresentavam indícios de irregularidade, medida que interrompeu pagamentos e impediu novos gastos.
Até o momento, as autoridades não divulgaram a lista oficial dos presos ou detalhes dos materiais apreendidos durante as buscas. A operação segue em andamento.