A fabricação de cadeiras de rodas com mão de obra de detentos está ajudando a levar inclusão dentro e fora do Estabelecimento Penal Masculino de Regime Fechado de Ivinhema, que iniciou no último mês a transformação de bicicletas velhas apreendidas pela Justiça em possibilidade de maior acessibilidade para quem necessita desse instrumento de auxílio na locomoção.
O objetivo é atender pessoas com deficiência que não têm condições de pagar pelo equipamento - o custo de uma cadeira de rodas, do modelo fabricado industrialmente, é de cerca de R$ 800. A iniciativa assim tem reflexo na qualidade de vida das pessoas, já que a meta é a de fabricar 400 cadeiras de rodas.
O projeto foi denominado Liberdade sobre Rodas, sendo desenvolvido pela Agepen (Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário), que através da direção da unidade penal toca o ação em parceria com a Prefeitura Municipal de Ivinhema e o Rotary Clube local. Além disso, a iniciativa conta com apoio da Polícia Civil.
Ao todo, cinco internos participam da iniciativa, oportunizando ocupação produtiva e capacitação aos apenados, ao mesmo tempo em que beneficia instituições como asilos, Apae (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais, hospitais, entre outros.
Os internos que trabalham na confecção das cadeiras são beneficiados com a remição de pena: um dia a menos para cada três dias trabalhados. Além disso, o trabalho oferece uma nova especialização aos trabalhadores, ajudando na inserção ao mercado de trabalho, que geralmente é dificultada pelo preconceito da sociedade.
Idealizador do projeto e responsável por ensinar os reeducandos a produzirem as cadeiras de rodas, o instrutor Willian Lima destaca que para produzirem as cadeiras desenvolvem várias habilidades profissionais. "Aprendem a soldar, pintura e acabamento, podendo também trabalhar em bicicletaria, além de ajudar muito a comunidade", reforça.
Milhares de bicicletas
A unidade prisional de Ivinhema recebeu a doação de 1,2 mil bicicletas que estavam nos pátios de delegacias da Polícia Civil em Três Lagoas e Angélica, que vão servir de matéria-prima. As carcaças que não forem utilizadas na fabricação serão vendidas para obter recursos para manutenção da produção no presídio.
"A intenção também é que as que as bicicletas que estiverem em melhores condições sejam reformadas e doadas para pessoas carentes aqui da cidade", esclarece o diretor do presídio, Leôncio Elídio dos Santos Júnior. A iniciativa, na opinião do dirigente, também é um meio sustentável e de reaproveitamento do material que, muitas vezes, ocupam espaço no pátio das delegacias sem ter destino útil.
A produção de cadeiras de rodas com mão de obra prisional é uma das várias ações sociais desenvolvidas pelo sistema penitenciário em Mato Grosso do Sul que atendem diretamente à população carente. "E esse tipo de ação auxilia pessoas não só as com necessidades especiais, mas toda a sociedade devido aos vários fatores benéficos que engloba", finaliza o diretor-presidente da Agepen, Aud Chaves.