Um estudo preliminar conduzido por pesquisadores brasileiros indica que o aroma agradável do café pode desempenhar um papel importante na redução do vício em tabagismo. O estudo, realizado com 60 fumantes, dos quais 30 foram expostos ao aroma do pó de café, revelou que metade desses indivíduos não voltou a fumar após a intervenção.
Os pesquisadores do Instituto D’Or de Pesquisa e Ensino (IDOR) descobriram em 2014 que o aroma do café ativa uma região específica do cérebro associada ao sistema de recompensas, incluindo o núcleo acumbens, que também é ativado por substâncias psicoativas como a cocaína. Com base nessa descoberta, decidiram testar o uso do aroma do café como uma alternativa para reduzir o desejo de fumar.
Os resultados preliminares do estudo mostraram que 50% dos participantes expostos ao aroma do café não retomaram o hábito de fumar, em comparação com 73,3% do grupo controle, que não foi exposto ao aroma. Embora não tenha havido diferença estatisticamente significativa entre os dois grupos, os pesquisadores consideram os resultados promissores e planejam realizar estudos mais amplos.
O próximo passo do projeto é desenvolver uma formulação terapêutica à base de voláteis de café, adaptada para um dispositivo eletrônico, para realizar um novo ensaio clínico com um maior número de participantes. A pesquisa, financiada pela Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj), visa ajudar fumantes crônicos a reduzir o desejo de consumir tabaco.
Embora ainda haja desafios a serem superados, os resultados obtidos até agora levaram o grupo de pesquisa a registrar nove patentes nos Estados Unidos, Europa e Ásia, com mais três patentes em andamento. Espera-se que essa abordagem inovadora possa contribuir para reduzir os impactos devastadores do tabagismo, que mata mais de 8 milhões de pessoas anualmente em todo o mundo, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS).