Cigarros eletrônicos podem conter até 6 vezes mais nicotina do que os convencionais

A edição do Jornal Nacional desta segunda-feira (25) trouxe dados alarmantes sobre a saúde dos jovens paulistas. Um estudo revelou que o uso de cigarros eletrônicos pode resultar em níveis de nicotina no organismo até seis vezes maiores do que os encontrados em fumantes de cigarros convencionais ao longo de décadas.

Um caso emblemático é o de Vitor dos Santos, 22 anos, e sua namorada, Maria Fernanda Fonseca, de 19. Dependentes como fumantes veteranos, eles decidiram buscar ajuda para abandonar o vício. Durante o tratamento, foi constatado que Vitor tinha níveis de nicotina no sangue equivalentes ao consumo diário de 80 cigarros, algo típico dos usuários de vapes.

“Foi um susto. A gente está em casa, assistindo TV, ou com os amigos, fumando sem perceber o tanto que puxa por dia”, disse ele.

Apesar de proibidos pela Anvisa, os vapes são facilmente encontrados em bares e eventos, como aponta o estudo realizado pelo Instituto do Coração do Hospital das Clínicas (InCor) e pelo Centro de Vigilância Sanitária.

A pesquisa mostrou que usuários regulares de cigarros eletrônicos apresentam até seis vezes mais nicotina no sangue do que fumantes de um maço de cigarros convencional por dia há 25 anos. Além disso, os danos vão muito além da dependência: o cigarro eletrônico tem levado jovens aos consultórios médicos com problemas pulmonares graves.

A cardiologista Jaqueline Scholz, coordenadora do estudo, explica:“Por ser agradável de usar, com cheiro bom e sem desconforto, as pessoas abusam do uso. Mas, junto com a nicotina, estão inalando metais pesados e outras substâncias tóxicas. Isso tem gerado doenças pulmonares graves e sintomas como asma, muito mais frequentes entre esses jovens do que na população geral.”

O levantamento também revelou que 30% dos usuários relatam problemas de saúde mental, como depressão e ansiedade, evidenciando que o vício age como causa e consequência dessas condições.

Maria Fernanda, que também luta para parar de fumar, desabafou: “Eu sinto muita falta de ar e fraqueza. Nunca imaginei que fosse do cigarro eletrônico. Agora estou com esperança de conseguir largar.”