A chamada "janela partidária", período no qual deputados federais, estaduais e distritais ficam autorizados a trocar de partido sem correr o risco de perder o mandato, começa nesta quinta-feira (3) em meio a grandes disputas na Câmara dos Deputados envolvendo palanques nos estados e a cisão na base governista.
Em Mato Grosso do Sul a janela deve ser primordial para os planos dos pré-candidatos a sucessão do governador Reinaldo Azambuja (PSDB), que escolheu como seu herdeiro o seu secretário de Infraestrutura, Eduardo Riedel.
André Puccinelli e o ex-deputado Junior Mochi, estão desde o início do ano agregando pré-candidatos e lideranças para o MDB que projeta voltar ao Governo do Estado.
Mesmo com mais dois anos e oito meses pela frente como prefeito de Campo Grande, Marquinhos Trad (PSD) assegura que renunciará para concorrer a sucessão de Azambuja. Já o PT voltará a apostar no ex-governador e ex-deputado federal Zeca do PT, uma possível ida ao segundo turno anima o partido que tem tido como principal liderança nos últimos anos o professor Jaime da Fetems.
Legislativo
Na Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul devem ocorrer várias mudanças, os primeiros devem ser o deputado Jamilson Name que estava sem partido e os peessedebistas Felipe Orro e Rinaldo, que já sinalizaram que trocaram de sigla.
Já o deputado petebista douradense, Neno Razuk, filho da ex-prefeita Délia Razuk, deve deixar o PTB e ingressar no PP do atual prefeito Alan Guedes e dos colegas de plenário Gerson Claro e Evander Vendramini. O radialista Lucas de Lima deve deixar o Soliedariedade e rumar ao PP junto com Razuk.
Outro que pode trocar de partido é o já octogenário Zé Teixeira que deve deixar o Aliança Brasil para ingressar no PSDB, do colega radialista Marçal Filho e do pré-candidato ao governo Eduardo Riedel.
Entre os deputados federais, a única que anunciou oficialmente que irá mudar de partido foi a ex-vice-governadora Rose Modesto, que pretende disputar o governo pelo Aliança Brasil. Já a ministra Tereza Cristina, que está licenciada da Câmara Federal para ocupar o Ministério da Agricultura, deve anunciar em breve sua mudança para o PP, que é um dos partidos da base do presidente Jair Messias Bolsonaro (PL).
Na semana passada, o presidente do Republicanos, deputado Marcos Pereira (SP), reclamou publicamente do papel do presidente Jair Bolsonaro, de quem é aliado, durante as negociações visando a janela partidária.
Pereira disse que Bolsonaro "só atrapalhou" as articulações do Republicanos por novos filiados.
O presidente da República tem levado seus aliados para o PL, partido comandado por Valdemar Costa Neto e ao qual Bolsonaro se filiou no final do ano passado.
Essa tensão política tem explicação: além de poder para influenciar decisões no Congresso, o tamanho da bancada de deputados federais define a participação dos partidos no fundo partidário, ou seja, a quantia que cada um deles vai receber. Neste ano, o fundo terá R$ 4,9 bilhões, que serão divididos entre os partidos.
A distribuição do fundo, a cada ano, sempre leva em conta o tamanho das bancadas eleitas. Portanto, a troca da janela partidária não vai interferir nas quantias a serem recebidas pelos partidos em 2022. Mas pode influenciar na quantidade de deputados que os partidos vão eleger nas eleições de outubro.