A proprietária, de 30 anos, e uma cuidadora, de 26 anos, foram presas em flagrante na segunda-feira (10) por torturar e drogar bebês sob seus cuidados em uma creche não regularizada no município. O estabelecimento atendia a cerca de 40 crianças, com idades entre 11 meses e 7 anos.
As investigações tiveram início após uma denúncia feita por uma ex-aluna de uma escola municipal, que presenciou agressões por parte da proprietária, que também atuava como cuidadora no local. Com autorização judicial, a polícia instalou equipamentos de monitoramento na creche e registrou diversas cenas de agressão.
Durante as filmagens, foi possível observar a proprietária agredindo fisicamente uma bebê de 11 meses, jogando-a com violência em um colchão. Além disso, a cuidadora administrou um medicamento na criança, causando sonolência prolongada. Outras evidências mostraram negligência por parte das cuidadoras, que ficavam no celular sem supervisionar adequadamente as crianças.
"É importante falar das escolas que são uma porta de entrada para as denúncias. Eles acionaram o Conselho Tutelar por causa do relato de uma ex-aluna que frequentava o estabelecimento, que ela não teria sido vítima, mas estava tendo crises de ansiedade, choro constante, vômitos, não conseguia ir direito para a escola, porque ela havia presenciado cenas que configuravam verdadeiras cenas de tortura. Ela relatou que via a proprietária, que também é cuidadora, colocar panos nas bocas das crianças para elas pararem de chorar, para ela assistir séries de televisão", descreveu a titular da Delegacia da Mulher (DAM), Sayara Baetz, em entrevista ao G1.
As prisões foram realizadas imediatamente após a obtenção das provas, e as crianças foram entregues aos seus responsáveis com o apoio do Conselho Tutelar. A proprietária responderá pelos crimes de tortura qualificada e exposição da saúde de outrem a perigo, enquanto a cuidadora foi presa e pagou fiança, podendo ser investigada também por tortura qualificada.
A polícia alertou os pais e responsáveis das crianças que frequentavam a creche a procurarem a Delegacia da Mulher caso notem comportamentos diferentes nas crianças, para que possam ser devidamente assistidas e protegidas. A perícia criminal apreendeu o medicamento utilizado para dopar as crianças, que é proibido para menores de 2 anos, e constatou lesões em uma das vítimas, evidenciando o sofrimento físico e mental causado pelo abuso.