O papa Francisco fez um apelo neste sábado (9) para a criação de "leis urgentes, sábias e justas" em favor do meio ambiente, ao receber os participantes da reunião preparatória para a Cúpula do Clima de Glasgow (COP26) que acontece em Roma.
"Espero que o vosso trabalho exigente, tendo em vista a COP26, e mesmo depois dela, seja iluminado por dois 'faróis' importantes: o farol da responsabilidade e o farol da solidariedade", alertou o Pontífice aos diversos líderes religiosos, parlamentares e cientistas.
Francisco enfatizou que é preciso "leis urgentes, sábias e justas que superem as estreitas barreiras de muitos ambientes políticos e possam chegar a um consenso adequado o mais rápido possível e fazer uso de meios confiáveis e transparentes" para combater a emergência climática.
"Devemos isso aos jovens, às futuras gerações que merecem todo o nosso compromisso para poder viver e ter esperança", ressaltou.
A Itália organizou uma reunião interparlamentar esta semana para preparar a 26ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP26), que acontecerá na cidade de Glasgow, no Reino Unido, entre 1º e 12 de novembro.
Entre os participantes da conferência em Roma estiveram presentes os presidentes do Senado e da Câmara da Itália, Elisabetta Casellati e Roberto Fico, respectivamente, além da presidente da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, Nancy Pelosi, que realizou uma audiência privada com o Pontífice no Vaticano.
Francisco explicou aos parlamentares que "a proteção da nossa casa comum" não envolve somente "sancionar práticas negativas, mas também e sobretudo encorajar e estimular novos caminhos" em direção ao objetivo traçado.
"Estes são aspectos essenciais para alcançar os objetivos traçados pelo Acordo de Paris e contribuir para o sucesso da COP26", disse o líder da Igreja Católica, que desistiu de participar do evento climático e enviará o secretário de Estado, cardeal Pietro Parolin, para representá-lo.
Durante o evento, Jorge Bergoglio entregou a Casellati e Fico um apelo conjunto assinado nos últimos dias em vista da COP26, no qual "surgem numerosos compromissos que pretendemos assumir no campo da ação e do exemplo, bem como no da educação".
No documento, "os governos são chamados a adotar rapidamente um caminho que limite o aumento da temperatura média global e dê impulso a ações corajosas, fortalecendo também a cooperação internacional".
O argentino explicou ainda que "há um apelo para promover a transição para energia limpa; adotar práticas de uso sustentável da terra enquanto preserva as florestas e a biodiversidade; promover sistemas alimentares que respeitem o meio ambiente e as culturas locais; a luta contra a fome e a desnutrição; e o apoio a estilos de vida, de consumo e de produção sustentável".
Segundo o Papa, trata-se de uma "transição para um modelo de desenvolvimento mais abrangente e inclusivo", baseado na solidariedade e na responsabilidade, e no qual seus efeitos sobre o aspecto trabalhista sejam levados em consideração.
"É um grande e complexo desafio, mas a humanidade tem meios para enfrentar esta transformação, que exige uma conversão verdadeira e real e vontade firme para assumi-la", alertou.