Bombeiros, brigadistas, voluntários, fazendeiros e ambientalistas se uniram para combater o fogo que se alastra, sem controle, na Serra da Bodoquena, em Mato Grosso do Sul. As chamas ameaçam a região de Bonito, um importante destino do ecoturismo brasileiro.
O fogo avança pela região do Rio da Prata. A vegetação secou e queima rápido, como um rastilho de pólvora. A linha de fogo tem quilômetros de extensão. Os campos de lavoura são usados como pista de pouso e os fazendeiros levam carros-pipa para abastecer os aviões.
"Mais de 150 mil litros de água na frente do fogo, temos mais de 50 bombeiros em operação nesses dois quilômetros de fogo, e nosso maior desafio é chegar próximo", destaca Artêmison de Barros, subcomandante-geral do Corpo de Bombeiros MS.
O horizonte em chamas impressiona. A matéria orgânica seca e em decomposição libera gases que potencializam o fogo. No desespero, um funcionário da fazenda resfria a vegetação usando a mangueira.
“É a pior seca que tem realizado nos últimos 40 anos, segundo dados históricos. Muita massa seca e os tratores não têm como entrar para fazer medidas de contenção”, declara Jeferson Doreto, presidente Sindicato Rural de Bonito.
Os fazendeiros criaram uma força-tarefa com bases de apoio aos brigadistas e bombeiros e com maquinários agrícolas para abrir aceiros. Os tratores passaram o arado sobre as plantações de milho e feijão para tentar barrar as chamas.
Segundo a Agência Nacional de Águas, desde abril, todo estado de Mato Grosso do Sul enfrenta uma seca extrema. O solo reteve menos de 40% da umidade das chuvas de verão, e a frente-fria das últimas semanas secou ainda mais as lavouras. O incêndio se alastra na região conhecida como banhado do Rio da Prata, um tipo de brejo com vegetação seca por cima. Mais de 2,7 mil hectares já foram queimados.
A vegetação do banhado funciona como uma caixa d’água, retém parte das chuvas abastecendo lentamente o lençol freático formando rios na região. Mas, segundo os pesquisadores, ao longo das décadas, a abertura de canais para drenar a água e abrir novas áreas de cultivo transformou a paisagem.
Onde o fogo passou, é possível ver os riscos que são os canais de drenagem. As polícias Ambiental e Civil estão fazendo perícia na região para saber onde o fogo começou.
A noite chega e o clarão das chamas pode ser visto por quilômetros. Os tratores reviram o solo para apagar o fogo, mas a situação está longe de ser controlada.