O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) confirmou que a onça-pintada capturada na região onde o caseiro Jorge Avalo, de 60 anos, foi atacado e morto não será reintroduzida na natureza. O felino, um macho de aproximadamente nove anos, está no Centro de Reabilitação de Animais Silvestres (CRAS) de Campo Grande desde a última quinta-feira (24), onde passa por exames para determinar se foi o responsável pelo ataque fatal.
De acordo com o ICMBio, o animal apresentava comportamento de alta habituação à presença humana, provavelmente resultado da prática ilegal de alimentação por pessoas na região, conhecida como ceva. "Essa prática traz riscos graves, pois faz com que os animais percam o medo natural dos humanos e possam se tornar perigosos", explicou um representante do instituto.
O caso ganhou destaque após a morte de Jorge Avalo, cujo corpo foi encontrado no dia 21 de abril em Aquidauana com sinais de ataque por onça. A Polícia Militar Ambiental (PMA) realizou a captura do animal na madrugada do dia 24, após intenso monitoramento na área. Ainda não há confirmação se esta é a onça responsável pelo ataque, mas os exames em andamento devem esclarecer o caso.
Especialistas alertam para os perigos da interação entre humanos e animais silvestres. Fernando Tortato, coordenador do Programa de Conservação da Panthera no Brasil, ressaltou que "ao condicionar o animal à presença humana, ele perde o medo natural, e isso não deve ser encarado como normal". A PMA instalou armadilhas fotográficas na região para monitorar a possível presença de outros indivíduos.
Enquanto aguarda os resultados dos exames, a onça permanecerá no CRAS. Caso seja confirmada como a responsável pelo ataque, será encaminhada a uma instituição autorizada para integrar o Programa de Manejo Populacional da Onça-Pintada, coordenado pelo ICMBio.
O caso de Jorge Avalo chocou a região e reacendeu o debate sobre a convivência entre humanos e animais silvestres no Pantanal. Autoridades reforçam a importância de se evitar qualquer tipo de alimentação ou aproximação com a fauna local, prática que além de perigosa é crime ambiental.
Para quem frequenta áreas de mata, as recomendações são claras: evitar caminhar sozinho, fazer barulho durante trilhas, não se aproximar de filhotes e manter distância segura ao avistar qualquer animal silvestre. Em caso de encontro com uma onça, a orientação é não correr, manter contato visual e recuar lentamente sem virar as costas.
O Insta MS acompanha o desdobramento deste caso e trará novas informações assim que os resultados dos exames forem divulgados. A preservação da rica biodiversidade do Pantanal depende do respeito aos limites naturais entre humanos e animais.