A Feira da Literatura de Mato Grosso do Sul (FELIT-MS) ocorreu na primeira quinzena de novembro, no Shopping Avenida Center Dourados, reunindo escritores, artistas e editores em atividades culturais, além da exposição de livros de autores regionais.
Destaque para a participação da rapper e compositora Pretisa, que promete ser um dos nomes mais importantes da cena do Hip hop sul-mato-grossense. Isabel, seu nome de batismo, sempre esteve envolvida com a cena do hip-hop. Cresceu em uma periferia no município de Palhoça, Santa Catarina, ouvindo Racionais, Sabotage, além de funk e rap. Aos 14 anos, começou a se envolver com a cultura e a participar das rinhas de RAP.
Sobre sua participação na FELIT, a rapper expressa sua gratidão: "O hip-hop estar representado na feira de literatura é muito importante, porque o que nós fazemos é literário, é poesia e é arte. Sou artista, sou compositora e poeta, para mim este espaço não é um privilégio, mas sim um direito de representar a periferia, as mulheres negras, as mulheres periféricas e, enfim, as mulheres do hip-hop".
Quando chegou ao Mato Grosso do Sul em 2017, Pretisa começou a participar das rinhas, a escrever e a compor suas músicas. Frequenta assiduamente as batalhas, chegando inclusive a participar da produção e organização do movimento. Suas influências vão além de nomes já consagrados como Racionais e Sabotage, incluindo também rappers femininas como MC Luanna, Tasha & Tracie, Mac Júlia, Negra Li e SoulRa.
Ao InstaMS, a rapper também abordou a representatividade feminina na cena: "O Hip hop em si, por mais que seja um movimento de união e de cultura, onde se abraça todos e todxs, ainda é muito machista e preconceituoso. Por isso a importância de eu, sendo mulher, ter representado o movimento no evento. Às vezes não temos esse espaço nem dentro do movimento, mostramos que temos mulheres que fazem o som elegantemente".
Em relação às dificuldades enfrentadas pelas mulheres na cena do Hip hop, Pretisa destacou: "A gente tenta passar o que a gente é e o que a gente vivencia dentro do movimento e na sociedade. São pessoas tentando reprimir ou tentando diminuir a nossa voz. Quando um homem fala que é correria e periférico, todo mundo aplaude, mas a mulher tem que se explicar de onde ela veio e o que ela fez, senão ninguém bota fé nas palavras delas. Por isso, momentos como esse são importantíssimos para nós mulheres do hip-hop".
A cultura hip-hop cresce e se consolida como um importante setor cultural no Mato Grosso do Sul. Em 2023 se comemora 40 anos do movimento no Brasil, unindo os elementos do breake (a dança), DJ (a música), MC (rima e poesia) e o grafite (a arte visual), o hip-hop busca espaço no mercado e nas políticas públicas.
O Hip hop douradense sempre esteve conectado com a cena nacional e revelou bons nomes. Apesar do preconceito e da marginalização, o movimento cresce e conta com nomes como o rapper campeão nacional do Duelo de MC’s, Miliano, que é referência na batalha de rimas. Atualmente, Dourados possui eventos de rima durante toda a semana, quem tiver interesse em conhecer mais do movimento pode acompanhar a "Batalha do 50", que acontece na Praça do Cinquentenário, que acontece toda quarta-feira, e a do "Centrão", que acontece às terças na Praça Antônio João. Acontecem também em Dourados a "Batalha do C3", que acontece na Praça do Canaã III, a "Batalha dos Ipês", que acontece no Parque dos Ipês, e por fim, a "Batalha do Lago", que acontece no Parque do Lago.