“Memórias de Maria” é uma obra recheada de 12 histórias divertidas e memórias de um tempo que brincar na rua substituía os smartphones
A escritora Ellem Maria Cembranelli, lançará o livro “Memórias de Maria” neste sábado, 02 de março, das 10h às 13h, na Livraria Canto das Letras (Av. Weimar Gonçalves Torres, 2440 - Centro), em Dourados.
Editada pela Arrebol Editora, a obra é recheada de 12 histórias divertidas e memórias de um tempo em que brincar na rua substituía os smartphones.
“É com muita doçura na narração que a escritora transmite os contos da infância da menina Maria, personagem que surgiu após a autora começar a apresentar suas histórias para filhos e netos de forma oral. Enquanto apresentava as histórias, demonstrava que vivenciava todas as emoções que um dia já havia vivido, sendo assim, incentivada pelo esposo, filhos e netos, ela começou a transcrever as memórias e deu vida ao livro ‘Memórias de Maria’”, informa a editora na contracapa.
A obra traz ilustrações de Fernanda Bonelli. A artista douradense é designer gráfica, ilustradora, atriz e publicitária. Quando criança descobriu que podia fazer qualquer coisa se usasse a criatividade e a imaginação. Esta é sua estreia como ilustradora de livro infantil.
Após o lançamento, o livro permanecerá à venda na Livraria Canto das Letras.
ENTREVISTA
Em entrevista, a escritora Ellem fala de recordações mais marcantes de sua infância em Pindamonhangaba e Taubaté, São Paulo, revelando a importância da família, das brincadeiras e das experiências vividas. Ela também compartilha o processo de escrita e produção da obra.
Em que cidade você nasceu e cresceu, e como foram suas experiências de vida lá?
Nasci em Pindamonhangaba e cresci em Taubaté, estado de São Paulo, cidades próximas, a 21 km de distância uma da outra. Tive muitos momentos também em Pinda, pois meus avós maternos lá residiam e os almoços aos domingos na casa deles eram sagrados. Passava as férias escolares com eles. Aprendi a andar de bicicleta com meus tios e tias, ralei muito o joelho, mas foi com eles que aprendi a me equilibrar. Eles me seguravam, davam aquele empurrão, eu caía, eles me acolhiam e depois caíam na gargalhada. Entre Taubaté e Pindamonhangaba, as memórias são as mais gostosas, as mais divertidas, as mais amorosas, e foi nessa fase que conheci meus “amigos transcendentais”. Como disse Aristóteles: “A amizade entre nós permaneceu e permanece enquanto somos bons e a bondade trouxe a permanência”.
Como foi sua infância e quais memórias mais marcantes você guarda dessa época?
As memórias mais marcantes, sem dúvida, são as brincadeiras, a criatividade e a liberdade: dois tijolos viravam um fogãozinho, uma latinha virava uma panelinha, um cabo de vassoura virava um cavalinho de pau e muitas vezes até uma arma para defender um irmão que estava rolando na rua em uma briga com um colega.
Quando e onde você descobriu sua paixão pela leitura e pela escrita?
Na minha casa, a enciclopédia “O Mundo da Criança” era nosso material de pesquisa, de diversão, de curiosidades respondidas... Eu adorava o Negrinho do Pastoreio e a Sopa de Pedra. Minha mãe lia para nós e eu, como cuidava de três irmãos mais novos, sempre os distraía contando histórias. Quando acabava o meu repertório, eu criava outras... Então ler, contar e escutar histórias faz parte da minha infância. A escrita estava latente em mim.
Quais autores ou livros foram mais influentes em sua vida e em sua jornada como escritora?
Do Monteiro Lobato, “Sítio do Picapau Amarelo”. E de Léo Buscaglia, o livro “Vivendo, Amando e Aprendendo”.
Como você decidiu transformar suas histórias familiares em um livro infantil?
Quando meus netos chegaram na minha vida, balançaram minhas estruturas de forma doce e amorosa. Montei na minha casa uma mini biblioteca para eles. Eu lia histórias dos livrinhos e contava histórias que eu havia vivido... Eles, curiosos, faziam muitas perguntas... Querendo saber mais... Foi assim que surgiu “Memórias de Maria”, o desejo de deixar registrado algumas histórias da minha infância.
Qual foi o processo de criação do livro “Memórias de Maria”? Quais desafios você enfrentou durante esse processo?
Foram muitos os desafios, um mundo desconhecido. Eu não imaginava que houvesse tantos detalhes... Tantas dificuldades. Mas o importante é que vencemos. Fernanda Ebling, editora Arrebol Coletivo, pessoa maravilhosa, criativa, paciente com minha ansiedade, e Fernanda Bonelli que realizou um trabalho primoroso com as ilustrações.
Como foi a reação de seus familiares, especialmente seus filhos e netos, ao verem suas memórias transformadas em um livro?
Estão todos muito felizes e até orgulhosos, eu diria. Esse livro pronto é um presente para todos nós, porque todos eles acompanharam as minhas angústias, as minhas preocupações durante todo o processo, eles fizeram parte. Dia 2 de março é dia de celebração.
Você poderia compartilhar conosco uma história de sua infância que não está no livro, mas que você guarda com carinho?
Era uma vez... Férias em Ubatuba com toda a família, avós, pais, mãe, tios, primos, eu gostava de ficar na casa de uma tia que tinha cinco meninas e um menino, muitas crianças, muitos brinquedos e muitas aventuras. Próximo à casa desse tio, havia uma fábrica de bananada e nós, claro, adorávamos ir lá ganhar uns recortes do doce. Ficávamos na cerca daquele quintal olhando o preparo daquele doce tão gostoso. Aquela senhora e senhor mexendo aqueles tachos enormes que exalavam um cheirinho tão bom. E, para ficar melhor ainda, pegávamos carona em um carro de boi, tanto na ida quanto na volta, sentávamos com as pernas para fora nos equilibrando e nos divertindo.
O que você espera que as crianças e os leitores em geral aprendam ou sintam ao lerem o seu livro?
Desejo que “Memórias de Maria” possa acessar os mais nobres sentimentos do leitor.
Você tem planos para escrever novas obras no futuro? Se sim, poderia nos dar uma prévia do que podemos esperar?
Sim! No livro “Memórias de Maria” falo da fase dos 7 aos 10 anos de idade. O novo projeto quer apresentar relatos sobre a trajetória de pessoas na fase dos 60 aos 80 anos de idade.