O Brasil continua a trilhar o seu caminho como um dos maiores e melhores produtores de café no mundo e, com os novos hábitos dos consumidores, há uma procura cada vez maior por qualidade. O crescimento do mercado dos cafés especiais é uma prova disso e demonstra que o público tem mudado a forma de escolher a bebida, o que amplia as chances para pequenos produtores, torrefadores, baristas, provadores/classificadores e donos de cafeteria, tanto dentro do país como no exterior.
Pesquisa realizada pelo Sebrae, em 2020, revela que 52% dos profissionais da cadeia produtiva do café especial no Brasil estão há no máximo cinco anos nesse ramo. “O fato de agregar valor ao produto e haver uma procura maior pelos consumidores por cafés diferenciados faz com que esse mercado tenha um grande potencial de expansão”, ressalta a gestora de Café do Sebrae Nacional, Carmen Lucia Sousa.
Celesty Suruí, barista indígena, conta que trabalhar com café nunca tinha sido uma opção pra ela, muito por conta do preconceito que ainda existe contra os povos indígenas. “Tudo começou quando fui convidada a participar de um curso de barista em Rondônia. No início, tive medo das críticas por ser uma mulher indígena”, destaca.
Considerada a primeira barista indígena do Brasil, Celesty hoje atua junto com a sua comunidade de forma sustentável na produção de café. “Foi um enorme desafio pra mim encarar essa realidade e me profissionalizar na área de café para que o mundo possa conhecer a cultura e a vivência do meu povo”, declara.
Indicações Geográficas de café
Atualmente, o Brasil possui 14 registros de Indicações Geográficas (IG) de café, uma conquista que permite a identificação de um produto ou serviço como originário de uma área geográfica delimitada e que certifica qualidade, reputação ou outras características atribuídas a essa origem.
Para Carmen, um dos primeiros efeitos da IG é a agregação de valor ao produto e aumento de renda do produtor.
“Essa herança histórico-cultural abrange vários aspectos relevantes: área de produção definida, tipicidade, autenticidade com que os produtos são desenvolvidos e a disciplina quanto ao método de produção, garantindo um padrão de qualidade. Tudo isso confere uma notoriedade exclusiva aos produtores de uma área delimitada”, afirma.
O reconhecimento da Indicação Geográfica traz vantagens para diversos elos da cadeia produtiva, do produtor ao consumidor, gerando desenvolvimento econômico e social para esse território ou região do país.
Para quem já empreende ou deseja abrir um negócio de café, a analista Carmen Sousa dá dicas valiosas. Confira:
1- O mercado de cafés especiais está em crescimento no Brasil. Pode dar dicas de como abrir um negócio no segmento do café, tanto na produção rural quanto em cafeterias?
Há algumas variáveis que devemos considerar para empreender em uma cafeteria. É importante que o empreendedor se qualifique sobre café, mas, só isso não é suficiente, tem que passar a conhecer toda cadeia produtiva, se relacionar com os produtores, torrefadores e conhecer a matéria prima a fundo. Os clientes não mais buscam só um café de qualidade, querem também a história do produto.
2- Como os pequenos negócios que já trabalham no ramo podem crescer?
Deve não só monitorar seus processos, mas saber analisar o mercado em que está inserido, se atualizar sempre e apresentar novidades.
3- Qual a importância do café para o povo brasileiro?
O café faz parte da vida dos brasileiros, seja na padaria, na feira livre, escritório, na cafeteria ou mesmo em casa, ele sempre está presente. Sermos o maior produtor e ostentar o título de segundo maior consumidor revela o quão ele é importante para nós brasileiros.
4. Como o Sebrae apoia os empreendedores?
O Sebrae promove o aumento da produtividade do segmento de café, promove a melhoria da qualidade, embalagens e oportuniza abertura de novos mercados, gerando rentabilidade e qualidade de vida aos nossos produtores.