O venezuelano Soteldo foi o grande assunto do Santos na semana, com um acordo selado entre o clube praiano para devolver seus direitos econômicos ao Huachipato e a sua saída se tornando praticamente questão de tempo na Vila Belmiro. À espera da Europa, o jogador é visto como importante em campo, mas as questões fora dele "facilitam" a análise sobre o impacto da sua saída.
Ainda que seja um talento - e titular absoluto quando está em condição de jogar - , Soteldo é visto como um jogador que comete deslizes no extracampo, como o fato de ter se atrasado no retorno à concentração da delegação em Goiânia antes do jogo contra o Goiás, no início de outubro. Na ocasião, ele e o meio-campista Ivonei registraram uma ida a um bar na cidade na véspera do duelo frente aos esmeraldinos, retornando à concentração mais de hora depois do limite estabelecido pelo técnico Cuca.
Soteldo havia sido liberado do jogo para resolver problemas familiares, o que incomodou ainda mais a comissão técnica. Ainda que tenha apenas 23 anos, Soteldo é um dos jogadores com maior experiência internacional no elenco e, na avaliação interna, deveria dar o exemplo para os outros jogadores. Papel semelhante ao que é exercido por Marinho, hoje líder do grupo de atletas ao lado de Lucas Veríssimo e Carlos Sánchez.
A preocupação com o que acontece fora das quatro linhas ganha ainda mais peso pelo fato de o Santos não conseguir contratar no futuro próximo, lidando com as proibições de transferências impostas pela Fifa. Já foram negociados acordos com Hamburgo e justamente o Huachipato, restando um acerto com o Atlético Nacional, da Colômbia, que cobra o dinheiro da negociação do zagueiro Felipe Aguilar.
Com isso, os jovens jogadores serão cada vez mais necessários para que o clube tente capitalizar a boa campanha na fase de grupos da Copa Libertadores da América e suas chances na Copa do Brasil. Soteldo precisaria ser um modelo de exemplo fora de campo, no entendimento do comando santista, de maneira tão ou mais importante do que os seus gols e assistências.
"Eu falo sempre com ele. Tem apenas 23 anos", comentou Cuca após o anúncio da negociação mal sucedida com o Al-Hilal, da Arábia Saudita.
Dias antes, o comandante havia dito que Soteldo iria se despedir da Vila Belmiro. "Era o que me foi passado", justificou.
Enquanto tenta "domar" Soteldo, missão na qual ele conta com o fato de Santos não ser uma grande cidade e da formação do grupo naturalmente exigir do venezuelano essa função de mentor para jovens, Cuca acredita piamente que um elenco unido como "família" pode render ao menos uma taça ao Peixe neste ano.