Prefeitura de Dourados é criticada por capa de caderno com brancos fantasiados de indígenas

A Prefeitura de Dourados, por meio da Secretaria Municipal de Educação, iniciou na última semana a entrega dos chamados kits escolares para os mais de 33 mil alunos da Rede Municipal de Ensino. A personalização de um dos itens deste kit, o caderno de registro do aluno, vem causando polêmica, visto que mostra várias crianças não-indígenas fantasiadas de indígenas.

O advogado e professor universitário Tiago Botelho usou suas redes sociais para condenar a imagem. "Dourados é a cidade com o maior número de indígenas de MS. O prefeito achou legal distribuir cadernos com foto de crianças brancas e adereços indígenas. Primeiro, indígena não é fantasia. Segundo, a foto mostra o descaso da gestão com os povos indígenas de Dourados. É vergonhoso".

Segundo material distribuído na semana passada pela Prefeitura de Dourados, os materiais distribuídos este ano contam com imagens das apresentações do 1º REMEFEST e do desfile do 7 de setembro, realizados no ano passado. E foi durante o REMEFEST que a imagem polêmica foi registrada.

Fantasiar-se de indígena, além de ridicularizar e inferiorizar as culturas, apaga a própria ideia de diversidade que as comunidades lutam para ser reconhecida e não dá a mínima visibilidade para os diversos problemas enfrentados pelas comunidades.

Em entrevista ao portal Catraca Livre, a artista e ativista indígena Katú Mirin condenou a utilização de fantasias e adereços indígenas e classificou o ato como racismo.  “Usar fantasia de índio é racismo porque discrimina nossa raça, fortalece o estereótipo do índio folclore".

Ainda segundo Katú, a palavra fantasia tem uma conotação de falsidade, de algo que não existe. “Os povos indígenas já são estereotipados e descriminados, e a sociedade só lembra da nossa existência quando lhe convém, como é o caso da fantasia, que pega os nossos símbolos sagrados e os transforma em mercadoria e meros adornos descartáveis.”