As mulheres ainda têm renda inferior aos homens, mas registraram aumentos maiores que os homens. É o que aponta levantamento da VAGAS.com, plataforma de tecnologia para recrutamento e seleção, com mais de 20 milhões de currículos cadastrados.
De acordo com a companhia, as mulheres obtiveram alta média de 18% na remuneração no período analisado, representando o dobro do incremento salarial conquistado pelos homens, que foi de 9%. O salário médio das mulheres, de 1998 a 2018, saltou de R$ 3.232 para R$ 3.814 no período de 2019 até abril 2021, enquanto o do público masculino passou de R$ 4.070 para R$ 4.422 na mesma base de comparação.
Isso significa que a diferença salarial diminuiu, mas que elas seguem ganhando, em média, 16% a menos do que eles.
“Notamos um avanço nos salários das mulheres nesses dois períodos analisados, mas ainda há um longo caminho a ser percorrido para que essa distância diminua mais ainda. É uma conquista, mas temos de continuar lutando por mais equidade salarial”, diz Renan Batistela, especialista em diversidade e inclusão na VAGAS.com.
Um dos motivos para esse incremento de renda das mulheres é que elas passaram a ter uma maior representatividade frente ao público masculino no nível de escolaridade.
Em todos os níveis elas já são maioria, mas em alguns casos a diferença aumentou ainda mais em relação aos homens. Entre os que têm pós-graduação, as mulheres passaram de 57% para 63% e no, ensino superior, de 56% para 59%. Até o ensino profissionalizante, que até pouco tempo atrás era um ambiente predominado pela presença masculina, agora é dominado pelas mulheres: elas saltaram de 46% para 54%.
“As mulheres estão buscando cada vez mais espaço em todos os setores. Não há mais a figura do homem dominando essa ou aquela profissão. Hoje o mercado está mais maduro e lidando com as questões de gênero com muito mais respeito e profissionalismo”, diz Renan.
O maior volume de mulheres em cursos de qualificação acabou impulsionando a presença feminina não apenas em cargos operacionais, mas também de gerência e alta liderança. Em cargos de diretoria, por exemplo, elas passaram de 43% para 46%. Nos postos de gerência, saltaram de 45% para 49%. “Ainda há predomínio dos homens nesses cargos, mas a diferença está caindo. É um indicador importante e que mostra maior participação feminina em posições estratégicas das companhias”, finaliza.
A pesquisa foi estruturada por meio da divisão de currículos cadastrados no portal VAGAS.com.br de 1998 até abril deste ano. Os CVs foram divididos em dois grupos: de currículos cadastrados de 1998 até 2018, totalizando 14,6 milhões de documentos e outro, de 2019 até abril de 2021, totalizando 3,3 milhões. O intuito desta quebra foi entender duas gerações de cadastrados no site e seus movimentos em relação à remuneração, nível hierárquico e escolaridade.