A formação de geada em diversas áreas do Paraná ligam o alerta para as perdas na agricultura. Segundo a Federação de Agricultura do Paraná (Faep), as baixas temperaturas registradas em muitas cidades do estado impactaram em diversas culturas agrícolas, principalmente nas que estavam em fase de desenvolvimento ou colheita.
No oeste do estado, as lavouras de milho safrinha sofreram com a geada que atingiu a região. Segundo o produtor rural e presidente da Comissão Técnica de Aquicultura da Faep, Edmilson Zabott, de Palotina, a situação é atípica e as temperaturas não costumam ser tão baixas como nos últimos dias, registradas em abaixo de zero. “Foi uma geada muito brutal. Acredito que podemos perder 80% do milho que não estava pronto, fora a qualidade do grão que deve piorar. Apenas 15% dos 45 mil hectares cultivados na região devem sofrer menos prejuízos, pois já estavam praticamente prontos para colheita”, aponta.
Além dos impactos causados pela geada, a produtividade das lavouras da região já havia sido reduzida em cerca de 40%, devido à janela de plantio atrasada por causa da seca, além de faltas de chuvas regulares durante o período de cultivo. O trigo, que também foi plantado tardiamente, não deve registrar perdas significativas.
Zabott, que também é produtor de peixes, aves e leite, alerta sobre os impactos para a cadeia de proteínas animais, principalmente em relação à alimentação, cujo principal insumo é o milho. Uma surpresa para a piscicultura, atividade de destaque no oeste paranaense, foi o aparecimento de fungos nos tanques em função das mudanças bruscas de temperatura. “Isso atingiu toda a nossa região. Estamos avaliando qual tipo de tratamento mais adequado para poder segurar o ataque desses fungos”, esclarece o produtor rural.
Na cultura do café, o frio intenso afetou as principais regiões produtoras, queimando as plantas e trazendo incertezas quanto à temporada 2022. “A safra que está no pé está tranquila, mas a colheita do ano que vem está comprometida”, afirma o cafeicultor Fernando Lopes, de Mandaguari, na região norte. Segundo o produtor, por enquanto é possível afirmar que o prejuízo existe e é considerável, mas ainda levará um tempo para calcular o quanto as plantas foram afetadas. “É um visual assustador. Antes da geada, as plantas do cafezal estavam todas verdinhas. Depois da geada, as folhas estão marrons e secas”, observa. Com uma área de 140 hectares de café, Lopes acredita que entre 60 a 70 hectares foram bastante atingidos “O restante do cafezal teve danos, porém não tão graves”, avalia.
No município paranaense de Floraí, as geadas nos pomares de citros foram relatadas pela agrônoma Vanelise Santos. “Foi uma geada intensa, porém não conseguimos mensurar o prejuízo, pois ainda é possível ver danos. Pode ser que nos próximos dias apareça alguns danos nas vegetações novas e no início da florada”.
Já em Campo Mourão, as perdas foram observadas nas áreas de feijão. Segundo informações do agrônomo Ricardo Mulinari, a vagem escapou por estar mais madura, mas a qualidade do grão não será boa.
Para ajudar os produtores paranaenses a enfrentar o clima adverso, o IDR-Paraná e o Simepar mantêm o Alerta Geada, serviço que alerta cafeicultores, com antecedência de 48 e 24 horas, para a ocorrência de geada na região cafeeira.
O Serviço é gratuito e funciona no período de maio a setembro por meio de avisos pelo telefone (Disque Geada 3391-4500), WhatsApp, internet e de boletins para televisão, rádios e jornais de todo o estado do Paraná.
Para mais informações sobre esse serviço, contate o IDR-Paraná Agrometeorologia pelo telefone (43) 3376-2248 ou pelo e-mail [email protected]