Uniformes para custodiados que irão ocupar a Penitenciária Masculina de Regime Fechado da Gameleira II estão sendo confeccionados com mão de obra prisional, em pelo menos quatro presídios de Mato Grosso do Sul.
A nova unidade, que irá gerar 603 vagas à Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário (Agepen), está em fase final de estruturação e, entre as metas, está a uniformização total dos reeducandos.
A padronização da vestimenta garante maior segurança para o presídio, além da questão sanitária já que evita o acúmulo de peças nas celas.
Compostos por camisetas, bermudas e calças na cor laranja, padrão oficial da Agepen, os kits que irão vestir os internos da unidade - que será inaugurada pelo Governo do Estado, em parceria com a União - estão sendo confeccionados no Estabelecimento Penal "Jair Ferreira de Carvalho" (EPJFC), em Campo Grande, na Penitenciária de Naviraí, no presídio de Aquidauana e na unidade masculina de Corumbá, com a produção de 800 peças inicialmente.
Somente no EPJFC, a meta é que sejam confeccionadas 240 camisetas. Na oficina instalada no local, por meio do Projeto de Capacitação Profissional e Implementação de Oficinas Permanentes (PROCAP), as máquinas de costura estão a todo vapor nas mãos dos oito reeducandos responsáveis pelo trabalho. Entre eles, está o interno F. R. do A., que coordena os trabalhos e enxerga na ocupação uma oportunidade profissional para quando deixar o presídio. "Nunca tinha sentado em uma máquina de costura e, hoje, eu e os outros somos capazes de costurar qualquer peça básica como calças, bermudas, camisetas, jalecos, entre outros, desde o desenho ao corte e costura", afirma, revelando que já atuou também na produção dos uniformes para a Gameleira I e na costura de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) doados pela Agepen a unidades de saúde e assistenciais para enfrentamento à pandemia da Covid-19 no estado.
A oportunização de oficinas profissionalizantes no sistema prisional é um importante diferencial no processo de ressocialização e inserção no mercado de trabalho, conforme aponta a chefe da Divisão do Trabalho da Agepen, Elaine Cristina Alencar Cecci. "A mão de obra especializada sempre estará à frente das outras e isso possibilita que mais pessoas consigam colocação em ocupações lícitas e possam realmente não reincidir na prática criminosa", destaca.
A confecção própria dos uniformes representa, ainda, a busca da agência penitenciária pela autossustentabilidade, garantindo meios de suprir as necessidades do sistema prisional com a ocupação da mão de obra disponível, segundo o diretor-presidente da instituição, Aud de Oliveira Chaves. "Isso gera muitos benefícios dentro e fora do sistema, já que garante uma importante economia aos cofres públicos, ao mesmo tempo em que capacita e ocupa positivamente nossa população carcerária, o que gera disciplina interna e também maiores possibilidades de reinserção social", argumenta.
De acordo com o dirigente, estão em andamento projetos que irão garantir financiamento de insumos que possibilitarão a uniformização de toda a massa carcerária de Mato Grosso do Sul, com a utilização de oficinas instaladas nos presídios e ocupação da mão de obra de custodiados.