Esta é uma das muitas contribuições que o filósofo, poeta, escritor, professor e ativista político Antônio Bispo dos Santos trouxe para o centro das discussões em relação às pautas dos povos originários e quilombolas.
Nêgo Bispo, como era conhecido, morreu nesse domingo, aos 63 anos, em razão de uma parada cardiorrespiratória, no hospital do município de São João do Piauí, localizado a 460 quilômetros de Teresina. Ele faria aniversário no próximo dia 12. Nasceu na região piauiense conhecida como Vale do Rio Berlengas, onde hoje está a cidade de Francinópolis, e viveu boa parte de sua trajetória no Quilombo Saco-Curtume, em São João do Piauí.
Pelas redes sociais o Ministério da Igualdade Racial lamentou a partida de Antônio Bispo dos Santos, citando que ele é um dos nomes mais importantes na construção do pensamento negro brasileiro. Já o governador do Piauí disse que o movimento quilombola, o Piauí e o Brasil perdem “uma voz que ecoou em nossos corações e nos ensinou muito”.
Também pelas redes sociais o ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania, Silvio Almeida destacou que “este importante pensador brasileiro e ativista quilombola deixa um legado inesquecível para a cultura nacional." A superintendente de promoção da Igualdade racial e povos originário do Governo do Piauí, Assunção Aguiar, pontua um dos muitos legados do ativista.
Bispo foi figura presente durante as últimas décadas dentro dos movimentos sociais e em organizações de defesa de quilombolas. Ele publicou três livros, entre eles, “Quilombo, Modos e Significados” e “Colonização Quilombos: Modos e Significados”; dezenas de artigos sobre as causas do povo negro nas mais diferentes ambiências, além de apresentar o conceito acadêmico de “contra-colonialismo”. Para Bispo, a contra-colonização seria o "antídoto" contra a colonização, que ele definia como "veneno social”.