A décima segunda missão de carga da SpaceX deve partir no dia 3 de junho e levará consigo cinco mil tardígrados e 128 lulas que brilham no escuro. Apesar de escolhas inusitadas, os animais devem fornecer informações genéticas importantes para a saúde de astronautas a bordo de missões de longa duração.
Os tardígrados são um exemplo de uma das espécies mais resistentes do planeta. Esses animais, parentes dos artrópodes, mal passam de 1 milímetro de comprimento e podem ser vistos apenas ao microscópico, conquanto nos mais diversos ambientes do planeta.
Acontece que os tardígrados podem suportar condições absurdamente extremas. Esses animais podem passar décadas sem água e até semanas sem oxigênio — podendo sobreviver inclusive no vácuo do espaço. Além do mais, os tardígrados são super resistentes à radiação, pressão e temperatura. Muitos podem viver em água fervente, ambientes contaminados por materiais radioativos, entre outros.
Já as lulas, do gênero Sepiolida, possuem bactérias simbióticas que conferem o seu brilho em ambientes escuros. As lulas nascem sem essas as bactérias e as adquirem do ambiente ao longo da vida, mais ou menos como a microbiota humana.
Os animais devem viajar em compartimentos espacialmente preparados e ficarão também em laboratórios a bordo a Estação Espacial Internacional.
O objetivo da missão, por conseguinte, é avaliar o impacto do ambiente espacial no DNA dos animais. No caso dos tardígrados, por exemplo, os pesquisadores responsáveis buscam observar quais genes mudam sua expressão durante o período de estadia fora da Terra. Uma pesquisa semelhante acontecerá também com as lulas e ao fim da pesquisa amostras voltarão novamente para a Terra.
A partir dessas análises, os pesquisadores poderão ter uma ideia, primeiramente, sobre a estratégia dos tardígrados para ter tanta resistência em ambientes extremos. Mais especificamente, a estratégia genética destes animais. Componentes que previnam a degeneração dos tardígrados podem auxiliar, por exemplo, na composição da dieta dos astronautas.
Possivelmente, ademais, as vantagens genéticas dos tardígrados podem acabar reproduzidas em astronautas num futuro não tão distante.
Já no caso das lulas, portanto, tem-se o objetivo de identificar o efeito do espaço sobre microrganismos associados ao animal. Isso porque os seres humanos dependem profundamente da sua microbiota para condições saudáveis do organismo. Caso haja realmente alteração na relação das lulas e suas bactérias simbióticas, as equipes de astronautas provavelmente passarão por tratamentos e pesquisas a respeito de sua microbiota.