Arte nos mínimos detalhes: a possibilidade dos olhos descansarem. Essa é a premissa das obras dos 21 artistas que assinam e imprimem seu DNA em pinturas, projeções e demais intervenções arte visuais que estarão à disposição da população campo-grandense durante o “Campão Cultural – I Festival de Arte, Diversidade e Cidadania”, que acontece entre 22/11 e 05/12 na capital sul-mato-grossense. O festival vai proporcionar uma rara conexão entre os artistas visuais de Mato Grosso do Sul com os de Minas Gerais, Amazonas, São Paulo e Rio de Janeiro, proporcionando ao público do festival a oportunidade de ter contato com mostras tecnológicas e a pluralidade cultural brasileira por meio das artes visuais.
“O festival vai conectar artistas sul-mato-grossenses e de diversos estados em uma grande mostra. Além disso, esta é a primeira vez que teremos uma programação, na área de artes visuais, com mostras tecnológicas, como exposição imersiva que ativa aspectos sensoriais e mostras via mapping nas fachadas de alguns prédios históricos da cidade. A intenção é revelar as diversas possibilidades que temos de ‘sair da caixa’ e expor todo e qualquer trabalho artístico, ou seja, a criação artística está muito além do tradicional”, pontua Marilena Grolli, artista visual, curadora da Mostra Diversos e gestora de artes do Núcleo de Artes Visuais da Difusão Cultural da Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul (FCMS).
Grolli ainda destaca na programação dois workshops que têm a finalidade de imersão entre público e artistas. “Isso reforça um dos objetivos da iniciativa, que é o Festival não ser apenas algo passageiro. A ideia é de que todos possam, literalmente, ‘entrar’ na obra”, ilustra a gestora da FCMS. Um dos workshops é com o artista, maquiador, produtor de efeitos especiais em maquiagem, escultor e fotógrafo com trajetória nacional e internacional Mário Campioli (RJ) sobre a “Body Art”, ou arte do corpo, uma vertente da arte contemporânea que toma o corpo como meio de expressão e/ou matéria para a realização dos trabalhos, associando-se frequentemente a happening e performance. Ele irá, de forma prática, ensinar técnicas deste processo artístico.
Já Natacha Figueiredo (MS) vai comandar o workshop sobre “Arte Digital”. O participante receberá um panorama do uso das ferramentas digitais no desenho e na pintura, como, por exemplo: o mapping. A ministrante é formada em Web design (UCDB), Tecnologia de Desenvolvimento de Sistemas Web (UCDB) e Arquitetura e Urbanismo (UFMS), e nessa ocasião irá disponibilizar seu conhecimento adquirido em 20 anos como animadora gráfica e artista visual.
Entre os artistas que compõe toda a programação, que vai desde exposição coletiva imersiva, cursos, até palestras e outras intervenções, a Capital também será palco de uma Live Paint com Gramaloka e Hyper (MG). Um collab entre os artistas visuais Gramaloka e Hyper fará com que Campão não só presencie a construção de um graffiti em lateral de prédio no centro da cidade, mas também, e de forma crítica, a experiência de ver surgir uma obra que evidencia as etnografias e os povos originários locais esquecidos pela sociedade.
Outro duo de artistas que está entre os destaques no cenário é VJ Suave (SP). Ygor Marotta e Ceci Soloaga ministram a “Vivência Tagtool” no Armazém Cultural. Os artistas, junto aos participantes, vão criar desenhos e animações. Os integrantes vão vivenciar como é ser um artista digital, desde a criação e animação dos próprios personagens até a projeção em movimento.
Em consonância com o principal tema do “Campão Cultural”, a palestra “Transvisual” da artista visual Auá Mendes (AM), indígena transvestigênere manauara do Amazonas que utiliza suas obras como ferramenta de fala e política, do corpo marginalizado indígena, travesti e preta. “No meu trabalho eu penso trazer mais a existência dos corpos marginalizados como um elemento natural e não como uma existência necessária, pois hoje em dia estamos sempre nessa batalha sobre ocupar os espaços que são nossos. Eu quero que no futuro, essa obrigação de procurar o espaço de fala não seja mais necessária, pois estaremos nos espaços que são nossos”, afirma Auá Mendes. As obras da artista visual também estarão expostas durante a “Mostra Diversos”, juntamente aos demais artistas locais, disponíveis na “Galeria América Cardinal”, no Centro Cultural José Octávio Guizzo, durante todo o festival.