Implantado através de emenda do deputado federal Beto Pereira (PSDB), o primeiro Centro de Transplante de Fígado e Rim de Mato Grosso do Sul deve começar a funcionar nos próximos meses em Campo Grande. A expectativa da ABTO (Associação Brasileira de Transplante de Órgãos) é de que com o início das atividades do local, o Estado passe a realizar 70 transplantes de fígado por ano.
O Governo do Estado formalizou convênio com o Hospital Adventista do Pênfigo, em cerimônia realizada ontem (29), para instalar e habilitar o Centro de Transplante na Capital. O governador Eduardo Riedel participou do evento e falou da importância da estrutura adequada para atender os pacientes de todo o Estado.
“Iniciativas como esta fazem com que o Estado se torne referência e com condições de realizar transplantes de órgãos. Vamos poder diminuir a espera, aqui e também do Brasil, começando com o transplante de fígado. Marca um momento histórico em Mato Grosso do Sul na trajetória de construção de um estado que a gente quer ver. A gente tá dando um passo muito importante”, afirmou Riedel.
Na prática, com aporte financeiro de R$ 1 milhão – recurso proveniente de emenda parlamentar destinada pelo deputado federal Beto Pereira –, o Hospital Adventista do Pênfigo poderá atender de forma integral os pacientes do SUS (Sistema Único de Saúde).
“A destinação dos recursos, via Governo do Estado por meio de emenda, possibilita que o Hospital do Pênfigo possa realizar o trabalho de forma inédita. É um avanço importante para o Mato Grosso do Sul e Campo Grande neste momento. Estamos possibilitando a compra de equipamentos e habilitando o Centro, para que por meio do SUS, ofereça o transplante de fígado. É importante destacar a população sul-mato-grossense será beneficiada e também podemos nos tornar referência para outros estados”, pontuou o deputado federal Beto Pereira.
Entre os principais benefícios do Centro Transplantador, os pacientes não precisaram mais se deslocar para Sorocaba (SP), onde fica o hospital referência para transplante de fígado de pacientes de Mato Grosso do Sul.
Este ano, o Mato Grosso do Sul já captou 13 órgãos (fígado) que foram transplantados para pacientes de todo o Brasil, em Sorocaba (SP), o que representa crescimento de 30% em relação a 2022 – quando foram realizadas dez captações. Atualmente 15 pacientes do Estado aguardam por um transplante de fígado e outros 20 estão em avaliação.
Doação de órgãos
Para ser um doador de órgãos e tecidos basta comunicar a família sobre esse desejo. Em Mato Grosso do Sul, 406 pessoas aguardam pelo transplante de córneas e 171 pacientes por rim.
No Estado são realizados transplante de rim e de tecido músculo-esquelético (que inclui medula óssea) apenas em Campo Grande, e de córnea é feito na Capital e em Dourados. No caso de transplantes de órgãos e tecidos que não são realizados no Estado, o paciente é encaminhado para local onde o procedimento pode ser feito.
Neste ano, até o momento, Mato Grosso do Sul já realizou 139 transplantes de córnea e 22 transplantes renais, também foi realizado um transplante de coração - que na ocasião, havia equipe e estabelecimento autorizados. A lista para transplantes é única e vale tanto para os pacientes do SUS quanto para os da rede privada.
No dia 27 de setembro é comemorado o Dia Nacional de Doação de Órgãos e Tecidos e a intenção é conscientizar a população da importância de ser um doador. Em alusão à data, o mês também é lembrado como Setembro Verde, uma luta para que mais pessoas se tornem doadoras.
De acordo com a legislação brasileira, mesmo com a decisão da pessoa de doar os órgãos, em caso de morte, a palavra final é da família, ou seja, não é possível garantir efetivamente a vontade do doador. Sendo assim, o diálogo com a família e amigos é essencial para que o desejo seja respeitado.
A atitude simples, de informar ser doador, pode salvar inúmeras vidas. É o que garante a coordenadora da Central Estadual de Transplantes – da SES (Secretaria de Estado de Saúde) –, Claire Carmen Miozzo. “O transplante só existe se tiver doação de órgãos e tecidos. Que por sua vez acontece se a família da pessoa que morreu fizer a doação. Na maioria dos casos onde existe a negativa, os familiares dizem que o motivo é não saber se a pessoa era ou não doadora. Se isso fica claro, é conversado antes, a família sempre respeita a vontade e autoriza a doação”.
A lista de espera funciona baseada em critérios técnicos, na qual a ordem de pacientes a serem transplantados leva em consideração a tipagem sanguínea, compatibilidade de peso e altura, compatibilidade genética e critérios de gravidade distintos para cada órgão. No caso do cumprimento de forma semelhante pelos pacientes, a ordem cronológica de cadastro, ou seja, a ordem de chegada, funciona como desempate. Pacientes em estado crítico são atendidos com prioridade, em razão de sua condição clínica.
O Brasil, por meio do SUS, tem o maior programa público de transplante do mundo, no qual cerca de 87% dos transplantes de órgãos são feitos com recursos públicos, permitindo que cada vez mais pessoas tenham uma vida melhor. A estrutura é gerenciada pelo Ministério da Saúde, que assegura que cirurgias de alta complexidade sejam realizadas para pacientes da rede pública e privada, em situação de igualdade.
A SES explica que todo o processo de doação de órgãos, desde a captação ao transplante é realizada de forma transparente e é acompanhado pelo Sistema Nacional de Transplantes do Ministério da Saúde.
Como ser doador
Para ser um doador, basta conversar com sua família sobre o seu desejo. No Brasil, a doação de órgãos só será feita após a autorização familiar. O Ministério da Saúde explica que existem dois tipos de doador - vivo e falecido. O doador vivo pode ser qualquer pessoa que concorde com a doação, desde que não prejudique a sua própria saúde. Ele pode doar um dos rins, parte do fígado, parte da medula óssea ou parte do pulmão. Pela lei, parentes até o quarto grau e cônjuges podem ser doadores e não parentes, só serão doadores com autorização judicial.
O segundo tipo é o doador falecido, que são pacientes com diagnóstico de morte encefálica, geralmente vítimas de catástrofes cerebrais, como traumatismo craniano ou AVC (derrame cerebral). Os órgãos doados vão para pacientes que necessitam de um transplante e estão aguardando em lista única, definida pela Central de Transplantes da Secretaria de Saúde de cada estado, e controlada pelo Sistema Nacional de Transplantes.
A Central Estadual de Transplante atende 24h por dia pelos telefones (67) 3312-1400 / 3321-8877.