Após ter sua casa apreendida em uma operação contra o narcotráfico internacional, o prefeito de Ivinhema, Juliano Ferro (PSDB), teve também sua caminhonete Silverado, avaliada em R$ 519 mil e adquirida no início de 2024, confiscada pela Polícia Federal.
A apreensão da casa ocorreu no dia 8 de agosto, durante a primeira fase da operação contra uma quadrilha de traficantes atuante em Ivinhema e Angélica. Já a caminhonete foi apreendida nesta terça-feira (15), durante a operação Defray, um desdobramento da operação Lepidosiren, realizada em agosto de 2024.
Conhecido por se autodenominar o "prefeito mais louco do Brasil", Juliano Ferro não estava presente durante a apreensão, pois, segundo postagens em suas redes sociais, encontra-se em Maceió em uma temporada de sete dias, onde compartilhou imagens de passeios de helicóptero e barco à vela. No Instagram, onde possui 768 mil seguidores, o prefeito não fez menção à nova operação da Polícia Federal.
A operação de agosto foi batizada de Lepidosiren, em referência ao nome científico do peixe piramboia, apelido do chefe da quadrilha. Ele conseguiu fugir, mas sua esposa foi presa. A operação desta terça-feira foi denominada Defray, termo inglês que significa “liquidar” ou “pagar despesas”, sugerindo que alguém estaria quitando os débitos de outros envolvidos.
Tanto a casa quanto a caminhonete de luxo do prefeito foram adquiridas de Luiz Carlos Honório, preso em agosto por envolvimento com o tráfico. A casa, avaliada em R$ 750 mil, foi comprada em 2021, mas ainda não estava registrada em nome do prefeito, o que facilitou sua apreensão. A caminhonete, adquirida em janeiro deste ano, também não havia sido quitada. Segundo informações prestadas à Polícia Federal, o prefeito deu como parte do pagamento um veículo Troller, avaliado em R$ 140 mil, e um cheque de R$ 380 mil, que deveria ser liquidado entre dezembro de 2024 e janeiro de 2025.
Luiz Carlos Honório declarou à PF que o prefeito planejava quitar o cheque com o dinheiro arrecadado na venda de rifas. Atualmente, Ferro está vendendo rifas para sortear um Landau "relíquia". O prefeito entrou no radar da PF por não ter declarado à Justiça Eleitoral a posse de uma Dodge Ram e da própria Silverado, alegando que os veículos não estavam em seu nome, por isso não os declarou.
Em nota divulgada nesta terça-feira, a PF informou que nesta segunda fase da operação foram bloqueados bens no valor de R$ 100 milhões pertencentes aos envolvidos. A mesma nota detalha a apreensão de um imóvel avaliado em R$ 458 mil e de uma caminhonete de R$ 519 mil, confirmando tratar-se do veículo do prefeito.
A Polícia Federal também deu indícios de que a casa bloqueada, avaliada em R$ 458 mil, corresponde ao imóvel que o prefeito teria entregado a Luiz Carlos Honório em troca da casa onde atualmente reside com sua família. Em depoimento no início de setembro, Juliano Ferro declarou ter feito o negócio em 2021, quando ainda era vereador, por valores entre R$ 400 mil e R$ 500 mil.
Juliano Ferro foi reeleito no último dia 6 com 81,29% dos votos válidos, obtendo a maior votação da história de Ivinhema, com 12.838 votos. Seu oponente, Fábio do Canto, obteve 2.954 votos.
O que diz o prefeito Em declaração nesta quarta-feira, Juliano Ferro afirmou que "não houve busca e apreensão em sua residência, nem cumprimento de qualquer mandado judicial contra ele". Acrescentou que teve conhecimento da apreensão de um veículo cuja venda já havia sido realizada e que está à disposição da justiça, destacando sua experiência de quase 20 anos como revendedor de veículos e imóveis antes de ser prefeito. No entanto, questionado sobre a data da venda da caminhonete, o valor e o comprador, o prefeito não deu mais esclarecimentos.
Informações de Correio do Estado.