Quase 600 pés de alface, maços de rúcula e de coentro por mês. Essa é a capacidade produtiva do protótipo hidropônico NFT de baixo custo instalado na casa de vegetação do Campus Naviraí do Instituto Federal de Mato Grosso do Sul (IFMS).
Cultivadas por estudantes e servidores do campus, por meio do grupo de pesquisa HortIF, as hortaliças são doadas mensalmente a entidades de assistência social da região, como o Lar Santo Antônio, a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) e a Guarda Mirim, como forma de contribuir com a diminuição do déficit nutricional das pessoas atendidas por essas instituições.
O coordenador do projeto e professor do campus, Daniel Zimmermann Mesquita, explica que o desenvolvimento do protótipo hidropônico teve início com a aprovação do projeto na chamada pública Fundect/CNPq/SED-MS 06/2019.
“O recurso destinado pela chamada permitiu o pagamento de bolsas de R$ 100,00, por um ano, a seis estudantes do curso técnico em Agricultura, para integrarem o desenvolvimento do protótipo com materiais de baixo custo. Com investimento adicional do campus e doações de materiais por parceiros, a ideia se tornou realidade e a produção de hortaliças hoje é realidade”.
De acordo com Zimmermann, foram desenvolvidos dois protótipos: um em escala comercial, com custo de R$ 3.389,44, e outro caseiro, cuja produção estimada é de 28 plantas ao mês.
“A hidroponia NFT é uma das tecnologias mais avançadas no cultivo de hortaliças, pois permite menor tempo de produção, maior produtividade e melhor controle ambiental e sanitário. O que os estudantes aprendem sobre a tecnologia aqui é o que eles irão encontrar em qualquer lugar do mundo”, afirma.
Além de funcionarem como módulos didáticos para aulas nos cursos do eixo de Recursos Naturais do campus - que envolve o curso técnico integrado em Agricultura e a graduação em Agronomia - os protótipos servem para que produtores da região conheçam e se interessem pela hidroponia.
Um dos bolsistas envolvidos no projeto é o estudante do 4º período do curso técnico em Agricultura, Gabriel Pires Vieira, 16. Natural de Naviraí, Gabriel conta que os relatos que ouvia dos pais acabaram tendo um papel importante em seu envolvimento com o projeto.
"Sempre vivi na cidade, mas gosto das histórias de meus pais falando de como era a vida no campo. Antes de começar o projeto, minha experiência com a agricultura se resumia aos vasos de flores de casa e atividades na horta do IFMS”, diz.
Com o projeto, a relação de Gabriel com o campo mudou significativamente, já que pôde realizar o plantio na horta hidropônica, acompanhar o desenvolvimento da produção, realizar o controle da solução nutritiva e observação do PH e condutividade elétrica, além de fazer as mudas, a colheita e a distribuição da produção para entidades da cidade.
“Passei a valorizar a agricultura e a perceber que a hidroponia pode ser uma boa alternativa para pequenos produtores de hortaliças. Depois que entrei no projeto, passei a ter uma visão diferente dessa técnica de cultivo, que antes eu nem sabia o que era”, admite.
O coordenador do projeto concorda com as possibilidades que a hidroponia abre ao pequeno produtor, já que cria condições favoráveis para o desenvolvimento de hortaliças folhosas e permite o cultivo em áreas não utilizadas pela agricultura tradicional.
“O sistema de hidroponia é viável para alface, rúcula, coentro, salsa, agrião, cebolinha, espinafre, entre outras variedades. Não existe sistema melhor para economia de água e nutrientes. A técnica também permite aproveitar áreas não convencionais e fazer o cultivo urbano. Você pode produzir hortaliças no alto de um prédio da Avenida Paulista, por exemplo”, explica.