O mês de junho está sendo de lenta retomada do fôlego dos suinocultores, com recuo do preço do milho e do farelo de soja e recente recuperação do preço pago pelo suíno, permitindo que se projetem margens positivas, ainda que pequenas na maioria das praças. A análise é da Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS).
Com frango em alta, apresentando preços nominais recordes e, a diferença (spread) entre o kg da carcaça suína e o frango (kg resfriado) no atacado de São Paulo que, historicamente oscila entre 60 e 80%, mas no final de maio chegou a se aproximar de 30% durante alguns dias, fechando o mês com 41,2%, era visto como uma distorção que não poderia perdurar por muito tempo.
Segundo avaliação da entidade, ou o frango cairia de preço ou o suíno reagiria. Para alento dos suinocultores a segunda opção tem se concretizado e a carcaça suína no final da terceira semana de junho ultrapassou os R$ 11,00 por quilo. Apesar desta recuperação do preço da carcaça, que refletiu no aumento do valor pago ao produtor, não há motivo para euforia, pois a volatilidade do mercado está muito alta.
As exportações brasileiras de carne suína in natura no acumulado de janeiro a maio/21, comparado com o mesmo período do ano passado, cresceram 20,51% (+68,5 mil toneladas) no total e de 26,82% (+48,7 mil toneladas) para a China. Entretanto, especificamente o mês de maio de 2021, mostrou estabilidade nos volumes em relação a maio/2020, com aumento de apenas 0,7%, indicando que, daqui para frente, a tendência é de que o crescimento em relação ao ano passado seja menor, fechando o ano com algo ao redor de 10% de incremento total dos embarques.
Por outro lado, a China, que no acumulado ano responde por mais de 57% dos nossos embarques, emitiu um alerta sobre a queda excessiva nos preços dos suínos. Segundo o órgão oficial, a proporção média entre os preços de suínos e grãos caiu abaixo de 6:1, e os preços dos suínos vivos caíram cerca de 60% desde janeiro de 2021, operando atualmente a US$ 2,29 por kg vivo, o menor nível em dois anos.
Segundo a embaixada brasileira em Pequim, os dados de vendas de suínos divulgados por empresas públicas apoiam a avaliação da forte recuperação do estoque de suínos. Nos primeiros cinco meses de 2021, as dez maiores empresas de suínos da China venderam juntas 29,02 milhões de animais, um aumento de 89% em relação ao mesmo período do ano passado. Especialistas cogitam a possibilidade de ocorrer redução nas importações chinesas de carne suína no segundo semestre de 2021, o que gera preocupação no setor.
Para o presidente da ABCS, Marcelo Lopes, o mercado está bastante instável, tanto na demanda doméstica, quanto no comportamento da China. “Da mesma forma, o mercado de grãos deverá ter oscilações relevantes daqui até o fim da colheita da segunda safra brasileira e início da colheita da safra norte-americana. O produtor deve ficar atento a estes movimentos e identificar janelas de oportunidades para a compra de seus insumos e o escoamento de sua produção, pois neste ambiente de volatilidade a especulação torna-se mais intensa.”