O Instituto Nacional da Propriedade Intelectual (INPI) aprovou a patente de Composições baseadas em nanopartículas de própolis, processos de obtenção e uso, desenvolvida pela Embrapa Gado de Leite. “A aprovação se deu após oito anos de trabalhos e várias defesas”, comemora Humberto de Mello Brandão, pesquisador da Embrapa e um dos inventores da tecnologia. A própolis apresenta características farmacológicas, tais como bactericida, e ação contra vários microrganismos, como o Staphylococcus aureus, e pode ser usado no tratamento da mastite bovina.
A própolis é um antimicrobiano natural produzido naturalmente pelas abelhas e pode ser utilizado em sistemas de produção orgânicos de leite. Brandão define as nanopartículas de própolis como “química verde”. Vislumbramos a sua adoção principalmente nas fazendas orgânicas, mas o produto pode ser utilizado em qualquer sistema de produção”, diz o pesquisador. Ele vai além: “Há possibilidade de uso da tecnologia inclusive para outras espécies e isso vai depender das empresas que se disponibilizarem a desenvolver os produtos”. A própolis possui um efeito sinérgico com o antibiótico, tornando-o mais potente. “Nós colocamos a Azitromicina dentro da nanopartícula de própolis, um fármaco bacteriostático (que cessa o crescimento das bactérias), com isso o fármaco passou a ser bactericida em concentrações mais baixas”, explica.
A produção de nanopartículas se apresenta como uma tecnologia vantajosa para encapsulação e visa a liberação controlada ou direcionada da própolis e de outros compostos, potencializando sua ação biológica. Para Brandão, a grande vantagem das nanopartículas de própolis é que elas podem ser veiculadas em água em vez de álcool. “O álcool, como veículo, tem sérias limitações e sua administração na glândula mamária causa irritações. A Embrapa, em conjunto com parceiros, já testou o produto em vacas e o produto mostrou boa biocompatibilidade, não provocando efeitos adversos".
Há a possibilidade da produção de vários produtos com as nanopartículas de própolis. Brandão acredita que a tecnologia despertará o interesse principalmente das empresas que beneficiam a própolis. Os estudos tiveram apoio da Rede Agronano e suporte da área de transferência de tecnologia da Embrapa Gado de Leite.