Trabalhar de forma coletiva, democrática, inclusiva, com divisão de trabalho e ganhos são alguns dos pilares da economia solidária que vêm mudando a vida de dezenas de mulheres, que muitas vezes, nunca tiveram uma oportunidade de trabalho, ou atingiram uma idade na qual o mercado já não as querem mais.
Com pouca expectativa e em meio a uma pandemia mundial, muitas não acreditavam mais em uma mudança, mas ela veio! O Fundo de Apoio à Comunidade, junto com a Prefeitura de Campo Grande, está capacitando mulheres em diversas profissões para participarem de cooperativas e assim não só poderem ajudar na renda de seus lares, mas também terem autonomia para gerir a própria vida.
Darci Ribeiro é uma dessas mulheres. Mandada embora da fábrica que trabalhava assim que a pandemia chegou, ela se viu desempregada e com o marido doente em casa. Mas um anúncio na TV mudou tudo.
“Eu cheguei à incubadora Mário Covas através da minha netinha – Larissa, de 15 anos. Ela viu o anúncio na televisão, anotou o número e eu liguei. Eu já sabia costurar, porque havia feito curso no Senai e desde então costurava para mim e fazia conserto para fora. Cheguei a trabalhar fora, mas fiquei desempregada e tendo que cuidar do meu esposo e de um netinho de 4 anos”, conta, frisando que a vida melhorou depois que passou a ser incubada e foi contratada pelo Proinc.
Susileide Terezinha Arteaga Nogueira, que também é incubada no mesmo local, conta que o trabalho não só a ajudou no sustento da casa, como a tratar a depressão.
“Meu filho viu uma mensagem em um grupo da igreja e me inscreveu. Quando eu cheguei aqui, não sabia nada de máquina industrial, sempre fui costureira caseira. Com o apoio das outras mulheres, aprendi a lidar com as máquinas. Hoje, graças a Deus, estou bem profissionalmente. É meu ganho pão”, diz.
Para ela, a capacitação foi um processo extraordinário. “Eu passei por um processo de depressão e aqui eu recebi ajuda. Eu luto todos os dias para não ficar deprimida. Graças a Deus, com o apoio de todas, me sinto muito melhor”, afirma.
A primeira-dama e presidente do FAC Tatiana Trad lembra que cada ação, cada passo que o FAC dá é pensando em melhorar a qualidade de vida dessas pessoas.
“É pensando em proporcionar meios de saírem da crise, de caminharem com as próprias pernas, de incentivar e mostrar para elas que com esforço e dedicação se pode ir longe. Por trás de cada projeto do FAC existe uma equipe técnica que trabalha em busca de oferecer o melhor para nossa comunidade”, frisa.
Cooperativa
A expectativa agora é a fundação da Cooperativa de Costura, conta Maria do Carmo Teixeira de Moura, que é a coordenadora do projeto.
“Logo quando veio a necessidade do uso das máscaras, a gente passou pelo processo da confecção das EPIs. Foi quando esse projeto foi criado. Agora, elas estão sendo capacitadas para serem profissionais de ponta e referência na cidade, de como dá certo trabalhar em conjunto. Além disso, estão se capacitando para ficar à frente do projeto. Estão aprendendo toda a parte burocrática, de legislação, de como participar de uma licitação. Elas vão poder participar e costurar para o estado todo”, conta empolgada.
Outro projeto de sucesso quem conta é dona Benícia Ximenes. Desempregada assim que a pandemia começou e com o marido aposentado, ela viu na horta do quintal não só o sustento da família, como uma atividade para quem estava ociosa.
“Eu já tinha feito um curso no Senar de hortaliças, de mexer com plantação. Aí vim pra cá e comecei a fazer a horta. Depois, fui à Prefeitura e me inscrevi no projeto de Hortas Urbanas. Agora, o trator vem e mexe na terra. Eles também vão começar a trazer sementes, adubos… Antes, era tudo eu que comprava, agora vai melhorar”, conta.
A ex-diarista conta que a principal clientela é a vizinhança. “Eles vêm e compram. Eu também empacoto as verduras, os legumes e saio na rua pra vender. Em semana boa, ganho de 250 a 300 reais de lucro”, diz, enfatizando que com a Cooperativa que está sendo formada e os ganhos podem melhorar, já que não haverá perdas. “Vai vender já picadinho na bandeja. Esse projeto veio na hora certa, porque a gente estava sem expectativa”, diz.
Prestes a sair do papel, a Cooperativa de Panificação vai dar alento às mulheres que saíram do Vespasiano Martins, onde as casas foram condenadas.
“As famílias vieram para cá e deixaram suas vidas para trás. Elas tiveram suas casas demolidas, foi muito triste. Chegamos aqui no Parque dos Sabiás sem saber como seria, mas o Fac e diversas outras secretarias entraram em contato com a gente e falaram do Projeto Recomeçar”, conta Maísa Mamedes.
Nos três meses em que as famílias estão vivendo no local participaram de cursos de capacitação, palestras, e aí surgiu a ideia da cooperativa de panificação.
“Estamos na primeira fase, lutando para colocar em andamento. São quase 18 mulheres, todas donas de casa. A maioria nunca teve oportunidade de trabalhar fora. Elas estão saindo do seu conforto. A ideia é que a cooperativa ofereça tanto o pão para as escolas, como bolo, salgados, o que conseguir colocar no cardápio de produtos”, explica.
Os equipamentos também vão ser fornecidos em parceria com a Prefeitura. A expectativa é que no máximo no início do ano já tenha dado o andamento, que esteja com tudo em pleno funcionamento.
Desde o início da gestão, FAC atua em diversas ações para promover melhoria na vida de pessoas em situação de vulnerabilidade e risco social. As ações vão desde entregas de alimentos, roupas, sapatos a cursos de capacitação.
Somente em 2020, na área de assistência psicossocial foram mais de 90 mil famílias atendidas. Foram mais de 140 toneladas de alimentos doados. Outras 20 mil pessoas foram beneficiadas com cobertores e ponchos na Campanha do Agasalho 2020. Além das 10 mil peças de roupas de frio que foram distribuídas.
As aulas da oficina de Ovos de Páscoa de Colher e Técnicas de Venda passaram a ser on-line, assim como as aulas da Escola Pública de Ballet. O FAC promoveu ainda o Drive Thru da Reciclagem que arrecadou um total de 7,2 toneladas de resíduos. O Natal Solidário entregou brinquedos para 6.300 crianças.