O mês da consciência negra despertado pelo feriado de 20 de novembro reforça e promove as discussões sobre o racismo e também destaca personalidades negras em todos os cantos do Brasil, durante todo o “Novembro Negro” como é conhecido entre os movimentos sociais e espaços institucionais de promoção da igualdade racial.
Em Mato Grosso do Sul, apensar de apenas quatro cidades dos 79 municípios adotarem o feriado em seus calendários, muitas atividades culturais e intelectuais são construídas para valorização do povo negro, neste sentido, o papel da mídia é muito importante para a promoção da cultura negra e de nomes de pessoas negras de referência local, além de ser uma força para a denuncia do racismo estrutural é fundamental.
Mariana Rocha elenca 10 personalidades negras, dentre eles, jovens e pessoas que impactam com sua história de vida, desde a educação, passando pelo esporte, cultura e até mesmo políticas públicas de ressocialização, dez pessoas que os sul-mato-grossenses precisam conhecer e valorizar para fortalecer a potência negra do estado.
Cientista prodígio, nascido em Aquidauana, o jovem de apenas 23 anos, já viu um asteroide ser batizado com seu próprio nome e ter a prateleira cheia de premiações e reconhecimentos. O último deles, foi ao participar de projeto em que desenvolveu respirador mais barato para os pacientes com a covid-19, isso em plena pandemia. Borges já recebeu mais de 60 premiações nacionais e internacionais Discente do ensino médio e do Curso Técnico Integrado em Informática, no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Mato Grosso do Sul, é membro da Sociedade Brasileira de Computação (SBC) e integrante do Núcleo de Atividades de Altas Habilidades/Superdotação do Mato Grosso do Sul. Foi o primeiro colocado na categoria geral de Engenharia, na Feira Brasileira de Ciências e Engenharias (FEBRACE) em 2015 foi convidado para participar da Intel International Science and Engineering Fair. Em 2021, Luiz Fernando é atualmente aluno do curso de Engenharia de Computação do Insper e conquistou o prêmio McKinsey Black Talent Achievement Award. A iniciativa, da consultoria global McKinsey & Company, reconhece pessoas negras que se destacam em suas áreas de atuação.
Rapper, feminista, cantora, compositora, bacharel em direito, dona de uma marca de roupas e ativista. Aos 26 anos, a jovem artista Douradense tem conquistado seu espaço e protagonismo na cena musical do estado e também no contexto nacional. Com letras potentes, sensíveis, cheias de reflexões e críticas SoulRa combina sua poesia às melodias envolventes e produções audiovisuais ricas em detalhes como figurinos e cenários. Além de seu talento, a artista tem conquistado público em razão das parcerias feitas na produção de seus conteúdos, promovendo jovens negras, pessoas trans e artistas indígenas. Em 2021 SoulRa foi classificada num concurso mundial de música, o Vans Musical Wanted, além disso, a artista e seu time de produção ganharam o prêmio da Mostra Audiovisual de Dourados, também foi selecionada para o show Delinha e Convidados como atração que comemorou os 44 anos do Mato Grosso do Sul. No festival Campão Cultural fará o show de abertura do rapper Djonga “Djongador”. Dentre seus sucessos estão as canções “A flor da Pele” e “SoulRa”, músicas autorais que falam de temas que atravessam sua vida e até mesmo de si mesma, como um exemplo de mulher negra no estado de Mato Grosso do Sul.
3.Sidinei Carmo
Natural de Caarapó, Sidinei Carmo começou a trabalhar muito cedo, tanto no campo quanto na atividade de pintura, em 2015 iniciou a prática de MMA em uma academia da cidade e desde então tornou-se destaque na prática esportiva dentro do mundo da luta no cenário estadual, nacional e até mesmo internacional. Em 2018 e 2019 foi convocado para a Seleção Brasileira de Kickboxing, figurando o 1 º Lugar do Ranking nacional da Confederação Brasileira de Kickboxing (Low Kick 57 Kg), foi também o atleta número 1 do Ranking em da CBKB em 2020, desta vez em duas modalidades K1 Rules e Kick Light (57 kg). Eleito melhor atleta do estado de Mato Grosso do Sul em 2018 e 2019 pela CBKBMS, atualmente Sidinei Carmo detém o cinturão profissional de Kickboxing do MS (57kg). Visto por muitos como um nome fundamental para história do Mato Grosso do Sul no esporte individual e referência para jovens negros que vêem no esporte, uma oportunidade para crescer e sonhar com um futuro real, possivel e na contra mão de todas as estatísticas.
4.Thauanny Maíra
Produtora Audiovisual, roteirista e diretora. O olhar sensível da jovem Thauanny Maíra é destaque na medida em que registra e promove a valorização da vida cotidiana na capital do estado de Mato Grosso do Sul, sua produção coloca em destaque os personagens da vida real, homens e mulheres, trabalhadores, líderes comunitários, chefes de família, capoeiristas e os cenários da periferia de Campo Grande .
5.Jaqueline Emanuelle Coutinho
Estudante da Rede Estadual de Educação, Jaqueline Emanuelle de Glória de Dourados acumula incríveis resultados em sua jovem, mas já promissora trajetória. Foi medalha de Ouro na Olimpíada Brasileira de Astronomia e Astronáutica 2021, medalha de Bronze - Olimpíada Geobrasil 2021, ganhou menção Honrosa na Olimpíada Camaleão de Química 2021, Selecionada para o programa Oportunidades Acadêmicas da Embaixada Americana 2021, para o 1000 Girls, 1000 Futures- The New York Academy of Sciences 2021 e não para por aí. A lista de resultados ainda possui mais conquistas e êxito em processos seletivos de universidades e projetos de desenvolvimento intelectual e científico.
6.Danielle Ferreira
Danielle Ferreira, apesar de ter nascido no estado do Rio de Janeiro, é uma pérola negra radicada em Mato Grosso do Sul. Fundadora e Diretora Executiva da À Flor da Pele - Rede de Relações Institucionais e Saúde Mental. Idealizadora e Produtora da coleção SER - Subjetividade, Educação e Representatividade. Escritora infanto-juvenil com foco na diversidade. Graduanda de Psicologia. Danielle é potência em matéria de promoção de consciência antirracista, sua trajetória é destaque no MS e em outros estados brasileiros a partir do desenvolvimento de tecnologias sociais que discutem e promovem o acesso à saúde mental e também o impacto positivo, profundo e sensível da produção literária voltada ao público infantil. Sua obra “O reino perdido de Odara” é uma carta de amor às crianças negras. Um livro que fala sobre a beleza da negritude, a força dos ancestrais e coloca Odara, uma menina que guarda eternidades no olhar como protagonista de sua própria história. Leve, colorido, lúdico e representativo.
7.Luzia Ferreira
Luzia Ferreira é pedagoga, especializada em Tratamento Penal e Administração Penitenciária. Foi diretora da UNEI (Unidade Educacional de Internação) feminina em Dourados e do Presídio Misto de São Gabriel do Oeste. Há mais de 25 anos no serviço público, Luzia já foi condecorada pelo Estado de Mato Grosso do Sul com a medalha 'Ramez Tebet', em reconhecimento ao trabalho realizado à frente do Semiaberto Feminino de Dourados, considerado referência nacional em ressocialização humana no Brasil, colecionando índices baixíssimos de reincidência, ou seja, recondução ao estabelecimento penal após a primeira passagem. Mulher de fibra, mãe e avó, Luzia é uma expressão singular da força e capacidade de transformação da mulher negra em nossa sociedade.
8.Letícia Polidorio
Mãe solo, feminista, coordenadora Cufa (Central Únicas das Favelas) em Campo Grande e membro da comissão organizadoras do Slam Camélias. Letícia é uma importante liderança para a promoção da vida do povo negro, dos povos indigenas e da consciência antirracista. Atualmente é Gestora na CUFA, e vem ganhando destaque em matéria de mobilização e construção de parcerias estratégicas que atendem pessoas vulneráveis e trazem à tona as realidades sociais que precisam ser discutidas e enfrentadas coletivamente, como a pobreza e o preconceito racial . Letícia Polidório é um exemplo de mulher negra para as sul-mato-grossenses não só pela atuação, mas também pela garra com que luta contra padrões sociais e reafirma a importância de se amar, se admirar e construir uma sociedade onde mulheres negras sejam vistas e percebidas como pilares fundamentais da construção de um futuro possível, longe do racismo e do preconceito.
9.Fabio Francisco Esteves
Fabio Francisco Esteves, 39 anos, natural de Chapadão do Sul, Juiz de Direito, titular da Vara Criminal e do Tribunal do Júri do Distrito Federal, mestre pela Universidade Federal de Brasilia (UNB), doutorando pela Universidade Federal de São Paulo (USP), filho de um peão de fazenda e de uma empregada doméstica. Criado na zona rural de chapadão do sul, sem quase nenhum acesso a serviços básicos durante a década de 1980, sua história narra a força transformadora que possui a educação, segundo o Juiz, o pai, analfabeto, insistiu para a prefeitura levar educação às crianças do campo. Fabio Francisco Esteves relata que na universidade, foi interpelado por uma professora que ao saber de seu desejo pela carreira de juiz disse que ele não teria "perfil para a magistratura”. Em 2016, foi eleito presidente da Associação dos Magistrados do DF (Amagis). Incomodado com a inexpressividade dos negros na magistratura, desde 2017 faz frente ao Encontro Nacional de Juízas e Juízes Negros (Enajun). O sul-mato-grossense Fábio Esteves representa a potência e resistencia negra dentro de uma das esferas mais racistas de nossa sociedade, o direito penal e ao mesmo tempo, sua história evidencia a distância entre brancos e negros na magistratura. pois pessoas negras representam apenas 1,6% dos magistrados do Brasil, em um universo de mais de 18 mil juízes. Em 2021 Fábio Francisco Esteves foi um dos vencedores do Prêmio Desafio Lideranças Públicas Negras, promovido para reconhecer iniciativas de agentes que, nos últimos cinco anos, tenham buscado a redução da desigualdade racial, com a ampliação do acesso e do desenvolvimento profissional de pessoas negras no setor público.
10.Naiara Fonteles - Makota Oyálabaoci
Nascida em Maracaju, Makota Oyálabaoci como é conhecida em sua tradição religiosa, a potência negra Naiara Fonteles é uma liderança que vem arrastando olhares, atenção e reflexão pelo Mato Grosso do Sul. Nai Fonteles vive em Dourados, onde é Presidente do Conselho Municipal de Defesa e Desenvolvimento dos Direitos dos Afro-brasileiros (COMAFRO), é mãe de Nicolas Farrel e “Cria da Diversidade”, como ela mesma se caracteriza, estudante da Universidade Estadual do Mato Grosso do Sul, Naiara significa a resistência e representatividade das Religiões de Matriz Africana no estado, sua liderança religiosa dentro do Candomblé significa o resgate cultural dos e das negros e negras do nosso país, hoje é referência para outras casas de candomble não só em Dourados mas em todo estado, Makota Oyálabaoci é uma as sacerdotisa negra do candomblé, que fortalece e promove a autonomia, independência, protagonismo e empoderamento das mulheres negras, as mesmas que desenvolveram no Brasil, desde que fundaram o candomblé, no final do século XIX, numa ardua história de conquistas e enfrentamentos ao machismo e ao racismo através de suas praticas cotidianas dentro e fora dos terreiros.