O prefeito de Nova Alvorada do Sul (MS), José Paulo Paleari (PP), está no centro de uma polêmica ao descartar a convocação de aprovados no concurso público da saúde, optando pela terceirização do Hospital Municipal. A medida, vista como um ataque ao serviço público, privilegia contratos temporários e Organizações Sociais (OS) em detrimento de profissionais concursados, gerando indignação e questionamentos sobre os reais motivos da gestão.
O Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS) abriu um inquérito para apurar por que a prefeitura mantém servidores comissionados no hospital, mesmo com candidatos aprovados no concurso aguardando convocação. Em reunião com o MP, o prefeito admitiu que não tem interesse em chamar os concursados, alegando que a futura terceirização do hospital tornaria suas contratações "desnecessárias" e "prejudiciais ao erário".
A justificativa, porém, não se sustenta diante dos gastos atuais. Dados obtidos pelo Midiamax mostram que a prefeitura gasta R$ 130 mil por mês com 10 enfermeiros temporários, enquanto 18 concursados na mesma função custam R$ 194 mil. Ou seja, a contratação via concurso é mais vantajosa a longo prazo, mas o prefeito insiste em um modelo precarizado.
Concurso deixado de lado
Profissionais que passaram no concurso relataram à reportagem terem sido chamados para entregar exames admissionais sob urgência, acreditando que seriam efetivados. Uma das aprovadas, que preferiu não se identificar, revelou ter gasto R$ 1.500 com os exames, apenas para descobrir que a gestão não tem intenção de convocá-la.
"Será que o prefeito está mesmo preocupado com as finanças do município ou só quer preservar cabides de emprego para aliados?", questionou a profissional, em relato ao Midiamax.
Desmonte
Há duas semanas, Paleari sancionou uma lei que autoriza a contratação de uma OS para gerir o hospital, abrindo caminho para a privatização. O promotor Maurício Mecelis Cabral alertou que o processo deve seguir rigorosamente a lei, mas a decisão já é vista como um desmonte do serviço público, substituindo cargos estáveis por mão de obra terceirizada e sem garantias de qualidade.
Enquanto isso, os aprovados no concurso seguem sem perspectiva, e a população fica à mercê de um sistema cada vez mais frágil e sujeito a interesses políticos.
A reportagem tentou ouvir o prefeito, mas não obteve resposta. O espaço segue aberto para sua manifestação.