A Câmara Municipal de Campo Grande, sob o comando do presidente Papy (PSDB), renovou sem licitação o contrato com o escritório Bastos, Claro & Duailibi Advogados Associados - alvo da Operação Ultima Ratio da Polícia Federal - com aumento de 100% no valor. O acordo saltou de R$ 150 mil anuais em 2022 para R$ 300 mil em 2025, em decisão que agora é alvo de investigação do Ministério Público de Mato Grosso do Sul.
A dispensa de licitação, justificada como "serviços técnicos especializados", manteve o escritório - que tem entre seus sócios pessoas ligadas a investigações por corrupção e ao presidente da Assembleia Legislativa, Gerson Claro - como assessor jurídico da Casa. Documentos mostram que o contrato inicial de R$ 150 mil ao ano, firmado em 2022, foi renovado em 2025 por R$ 300 mil anuais, válido até março de 2026, usando exatamente a mesma justificativa para evitar licitação.
O escritório em questão conta com sócios de trajetória controversa: Camila Bastos, filha do desembargador afastado Alexandre Bastos, condenado na Operação Ultima Ratio; Kátia Claro, esposa do presidente da Assembleia Legislativa, Gerson Claro; e Bento Duailibi, também envolvido em ações judiciais polêmicas.
Em sua defesa, Papy afirmou que o contrato existe desde 2012 e segue um "padrão" de renovação, mas não explicou os motivos para o valor ter dobrado em três anos, a real necessidade de dispensar a licitação ou se houve qualquer vinculação política na escolha do escritório. O Ministério Público agora investiga possíveis indícios de superfaturamento ou direcionamento indevido.
A reportagem tentou ouvir Camila Bastos e Kátia Claro, mas não obteve retorno. O espaço segue aberto para manifestações.